Na Karma Network, aposta-se em forjar uma cultura veloz e exigente, assente numa “can do attitude”, que promova uma postura de self-learning e de busca de conhecimento todos os dias. 

Madalena Cidade Martins é People Business partner na Karma Network, uma consultora de estratégia e execução digital, desde Julho deste ano. Com um percurso profissional inteiramente dedicado à Gestão de Pessoas, tem acumulado experiência em organizações de crescimento rápido e com uma forte cultura digital. Esteve na Indie Campers como People Development specialist. Agora, e, na Karma Network, assume como responsabilidade delinear uma estratégia capaz de endereçar os exigentes desafios de gestão de talento com que a empresa, pela sua natureza mais tecnológica, se debate, e que possa ser uma referência para as organizações que pretendem vingar no actual contexto de transformação digital. Assim, a missão de Madalena passa não só por consolidar a gestão de talento a nível interno, como por construir uma oferta neste domínio para os clientes, que enfrentam desafios idênticos de recrutamento e formação, de adaptação da estrutura da organização à mudança e de implementação de uma cultura digital. 

Está na Karma Network há cerca de quatro meses. O que a fez aceitar este desafio?

Aceitei o desafio por representar uma oportunidade para alavancar a área de talento de uma empresa em crescimento, com objectivos ambiciosos e com uma equipa extraordinariamente inteligente, desafiante e com uma enorme vontade de fazer melhor e diferente.

Que empresa encontrou?

Quando cheguei à Karma Network, encontrei pessoas alinhadas com a cultura da empresa e com uma visão muito clara de futuro, motivadas pela missão comum de ajudar os seus clientes a tirar o máximo partido do digital; um líder inspiracional e muito focado, não só no desenvolvimento do negócio, mas também nas pessoas; e um mindset inovador, acompanhado de um forte sentido crítico e de um espírito de entreajuda singular.

O que lhe foi pedido e o que definiu como acções prioritárias?

As principais frentes a endereçar englobam, por um lado, a atracção, o recrutamento, o desenvolvimento e a retenção de talento e, por outro, o fortalecimento da cultura organizacional e o redesenho/ automatização de processos, além do desenvolvimento e do aumento da eficácia organizacional.

Quais diria que são, actualmente, os principais desafios do negócio, sendo que são uma consultora de estratégia e execução digital?

Mais do que uma consultora, somos propulsores digitais das empresas com as quais trabalhamos, pelo que sentimos uma necessidade constante de nos reinventar internamente, para acompanhar o ritmo alucinante da transformação digital. E poder guiá-las. Para nós, é essencial implementar internamente as boas práticas do digital e assegurar que toda a nossa equipa é conhecedora do panorama digital – das suas ferramentas e respectiva implementação –, para que possamos continuar a acrescentar valor aos clientes.

E quais os principais desafios a que as empresas vossas clientes procuram dar resposta? Ou seja, o que vos pedem?

De um modo geral, sentimos que a gestão de topo das empresas, tipicamente, não tem noção das oportunidades concretas de utilização do digital nos seus negócios. Por sua vez, os especialistas digitais, que são quem domina este conhecimento, de ordem mais técnica, normalmente, sentem dificuldade em decifrá-lo em linguagem de negócio, o que acaba por limitar a sua ascendência na hierarquia organizacional, e a conversão deste potencial em impactos tangíveis nos objectivos de negócio das suas empresas. Assim, o grande desafio é unir estes dois mundos, para impulsionar a transformação digital internamente e alavancar as receitas no digital.

Como pode a área de Gestão de Pessoas da Karma ajudar ao cumprimento desses objectivos ao nível do negócio?

As pessoas são a matéria-prima de organizações como a Karma Network. Nesse sentido, entendo que é essencial fomentar uma cultura de base digital e garantir que temos talento especializado, de forma a estarmos aptos para fazer face aos desafios da era profundamente tecnológica em que vivemos, e que avança a uma velocidade vertiginosa.

Quais são os principais desafios da gestão de talento na Karma? A atracção e retenção que referiu?

No contexto actual de mudança de paradigma, ao nível da gestão de talento, o nosso desafio-chave está relacionado com a necessidade de formar os jovens talentos com conhecimento que não está disponível nas universidades. Este é um conhecimento relativamente recente que não está ainda formalizado, uma vez que advém da experiência, de um trabalho de investigação e de uma boa rede de contactos. E está disperso em várias fontes. É, por isso, crucial saber distinguir as boas das más fontes e saber aplicar este conhecimento no dia-a-dia.

Como pretende inovar a estratégia de gestão de talento?

Na Karma Network estamos dedicados a forjar uma cultura veloz e exigente, assente numa can do attitude, que promova uma postura de self-learning e de busca de conhecimento todos os dias. Procuramos, por isso, pessoas verdadeiramente apaixonadas pelo digital, que tenham uma curiosidade nata e que estejam sempre disponíveis a abraçar novos desafios. 

Acredita que isso vos traz vantagens competitivas na hora de contratar? O que vos torna um local atractivo para trabalhar?

Sem dúvida alguma. Na Karma Network, pela nossa essência, temos um grande domínio de tudo o que envolve a estratégia, os processos, as ferramentas e as melhores práticas no âmbito do digital. Favorecemos um ambiente, por natureza, acelerado. Assim, proporcionamos o desenvolvimento de um conjunto de competências e a construção de uma carreira rumo a uma realidade de mercado que se está a digitalizar a olhos vistos, e que é cada vez mais exigente. 

Não deixa de ser curioso o facto de encontrarmos esta vontade de saltar para o lado do digital em pessoas com backgrounds muito distintos, desde Biomédica, Matemática, Gestão e Marketing, sendo o grande denominador comum a sua busca por desafios novos e complexos.

Que perfil de colaboradores têm e procuram?

Inicialmente, começámos por ser apenas consultores com background em Gestão ou Marketing. Hoje em dia, temos uma equipa bastante mais diversificada, o que ajuda a complementar o core do nosso negócio: tecnologia, criatividade, design, experiência do consumidor, data sciences, gestão da mudança, recrutamento, desenvolvimento e retenção do talento.

Deste modo, estamos à procura de pessoas multifacetadas, com uma paixão bastante notória pelo digital, que tenham uma atitude proactiva e um mindset orientado para o crescimento, que sejam naturalmente criativas e que tenham a ambição de aprender continuamente.

Como recrutam?

O nosso processo de recrutamento é exigente, mas muito envolvente e desafiante ao mesmo tempo, tanto para os candidatos como para nós. O processo é definido por quatro focos distintos, que se complementam e que estão articulados entre si: (1) perfil pessoal – foco na personalidade e nas motivações; 2) fit cultural – foco nos valores; (3) competências técnicas – foco nas habilidades e no potencial técnico; (4) paixão pelo digital – foco no core do nosso negócio. 

Tem experiência acumulada em organizações de crescimento rápido. Que vantagens diria que estas empresas têm em relação às grandes empresas, multinacionais, que tradicionalmente eram mais atractivas para os jovens?

As organizações de crescimento rápido acabam por dar mais autonomia e agilidade aos seus colaboradores, permitindo-lhes ter um impacto mais directo no negócio, ao acrescentarem valor de forma imediata, e potenciando, nessa medida, um crescimento profissional mais acelerado e rico. A meu ver, estes são factores muito estimulantes e desafiantes para os jovens hoje em dia.

No seu caso, em particular, o que a tem levado a optar por empresas em crescimento em vez de empresas consolidadas?

As empresas em crescimento, tipicamente, têm ambientes mais acelerados e dinâmicos, o que faz com que a curva de aprendizagem seja mais acentuada e que se evolua mais rapidamente a nível profissional e pessoal. Somos obrigados a sair da nossa zona de conforto, o que, consequentemente, nos leva a agir, procurando estratégias para fazer frente aos desafios, e a inovar muito mais rapidamente.

Todo o seu percurso tem sido na área de Recursos Humanos. Como surgiu esta paixão e como se liga à paixão pelo digital?

Cresci rodeada de pessoas e sempre me envolvi em projectos com impacto no desenvolvimento pessoal dos outros. Creio que o interesse pelo lado humano, de uma forma ou de outra, sempre esteve comigo, mas só o vim a aprofundar durante a minha tese de mestrado sobre motivação de colaboradores. Apesar de vir da área da Comunicação, acabei por descobrir que a minha vocação pendia para os Recursos Humanos.

A ligação desta escolha de carreira ao campo do digital surgiu de forma muito natural e gradual e foi, sobretudo, fruto da percepção de que é aqui que está o futuro.

Que conselhos daria às empresas actualmente a passar por uma fase de transformação digital?

As pessoas devem ser a prioridade de qualquer empresa, uma vez que constituem o principal factor de sucesso da transformação digital, seguidas dos processos e apenas depois da tecnologia. Nesse sentido, é imprescindível desenvolver mecanismos para absorver e replicar rapidamente novas formas de trabalhar, acompanhados de uma reformatação cultural.

Uma verdadeira transformação digital implica uma visão top-down, pois é no alto nível que existe capacidade de empurrar agenda e servir como exemplo de liderança, procedendo de forma eficaz às adaptações necessárias.

É, por isso, imperativo que se promova a interlocução entre os gestores das empresas e os especialistas digitais. Da redução do gap de conhecimento existente entre estes dois grupos é que advém a construção de uma efectiva liderança digital.

Assumindo que o digital vai ser parte integrante de todas as áreas de negócio, as empresas devem, assim, preparar-se para rentabilizar o seu potencial, que extravasa uma só direcção.

Que tendências perspectiva para a área digital e o impacto que terá no mundo do trabalho?

O ritmo acelerado da transformação digital tem vindo a normalizar a procura de profissionais com o que se designa por perfil T, ou seja, especialistas numa vertente que têm, simultaneamente, um entendimento transversal de várias áreas. Isto porque, como consequência do contexto de mudança ininterrupta em que vivemos, e da velocidade a que esta ocorre, iremos assistir à maior necessidade de requalificação de pessoas da história, talvez mais do que uma por geração.

Estes profissionais de perfil T estarão, por natureza, mais preparados para se adaptar a essa realidade, dado o seu conhecimento organizacional transversal, não deixando de criar valor a curto prazo, tendo em conta a sua especialidade actual.

A gestão da mudança nas empresas será uma constante e não algo que acontece a cada 20 anos na vida das empresas.

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madalena cidade martins

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