Em janeiro de 2008, iniciava a minha primeira experiência profissional. Quando me questionaram para onde ia trabalhar, respondi com todo o orgulho que iria realizar o meu sonho, trabalhar numa Multinacional de Recursos Humanos.
Na véspera do meu primeiro dia de trabalho, não consegui dormir, tal era a excitação e ansiedade pela minha primeira experiência no mundo laboral.
O medo começou a surgir de uma forma diferente, associado a um grande sentido de responsabilidade. O medo de errar, o medo do fracasso, o medo de não corresponder às exigências da empresa, o medo de não agradar ao chefe, o medo de não agradar aos colegas, o medo de falar em público, o medo de tudo e mais alguma coisa.
Independentemente do medo ter sido e continuar a ser uma sombra no meu dia-a-dia, eu percebi que em primeira instância teria que aprender a aceitar a sua presença na minha vida, bem como a saber lidar com ele, por ser inevitável.
Quem nunca sentiu medo?
Quem afirma nunca ter sentido medo, sem dúvida que estará a camuflar uma grande mentira. Sem dúvida que estará a mentir em jeito de protecção. Na verdade, todo o ser humano, em algum momento da vida profissional e não só, por motivos diversos e de dimensão diferente, terá sentido na pele a dura sensação de enfrentar alguma batalha contra o medo por mais que não se sinta à vontade para expôr essa experiência.
Deter capacidade para o pensamento crítico tem-se tornado cada vez mais importante para a nossa sociedade e para as empresas, pois ajuda-nos a ter uma maior capacidade de orientação para a acção, quer no dia-a-dia, quer na resolução de problemas ou tomadas de decisões. Contudo, o instinto do medo pode até prejudicar-nos e distorcer aquela que é a nossa visão do mundo e das coisas.
Diz-se que quando temos medo, não conseguimos ver com clareza. Na minha experiência, nem sempre consegui realmente ver as coisas com clareza, mas no final da maioria das dificuldades encontrei uma resposta muito importante sobre essa emoção:
O medo proporciona oportunidades!
Mas se proporciona oportunidades, então por que é que o medo pode atrapalhar?
Passo a passo, ano a ano, experiência a experiência, fui adquirindo um nível de consciência maior sobre a utilidade do medo. Finalmente, percebi que o medo pode ser extremamente útil se realmente for dirigido para as coisas certas. Temos que reconhecer que são as coisas mais assustadoras vivenciadas no passado que captaram a nossa atenção, de forma a que nos fosse possível superar obstáculos inimagináveis, e por fim, sairmos fortalecidos de cada um deles com uma nova lição aprendida.
Se pararmos para pensar, quantas e quantas vezes conseguimos seguir em frente nas asas do medo?
"Fácil falar!", diriam alguns de vocês! Pois não é fácil, ninguém afirma que o é, mas é possível!
Vejamos o que acontece, e falando por experiência própria, quando pretendemos sair do ciclo do medo. Muitas vezes, perdemos demasiado tempo a sentirmo-nos culpados pela nossa incapacidade de mudar. E isso acontece porque estamos de forma consecutiva a concentrar as nossas energias para nos mantermos dentro do ciclo do medo.
Poderei assumir, não obstante de continuar a ser uma luta constante, que percebi que o medo detém um papel muito importante: pôr outro ciclo a funcionar - o ciclo da aprendizagem.
Não há como evitar o medo, e infelizmente não existe uma poção mágica que o faça desaparecer. Para conquistá-lo, podemos senti-lo na mesma e, apesar disso conseguir agir.
Como é que arranjamos motivação para agir se a maioria considera que o medo paralisa? Essa força tem que vir de cada um de nós. A força de vencer, apesar do medo.
A motivação é um impulso que nos conduz à acção, e que influencia a direcção do nosso comportamento, por isso quanto mais motivados melhor será para o nosso “agir”, seja no âmbito profissional ou pessoal.
Podem existir fatores externos que ajudam a aumentar a motivação, mas na verdade, nunca serão suficientes. O ideal é cada um encontrar motivos dentro de si para alcançar os seus objetivos, e agir de acordo com o que tem que ser feito. Alguém automotivado não espera acontecer e nunca deve depender dos outros. Começa tudo no seu interior!
A motivação interna está ligada também à famosa competência de resiliência, porque se não estivermos motivados o que vai acontecer é desistirmos quando surgir o primeiro obstáculo e bem sabemos que o caminho é feito com muitas pedras pelo meio.
Por fim, diria que mantermo-nos motivados faz com que passemos pelas pedras com uma atitude mais optimista, como oportunidade de crescermos e evoluirmos, e é essa motivação que realmente nos ajuda a agir e alcançar os nossos sonhos.
De alguém que ainda continua a sua jornada fica aqui um humilde conselho, o qual ainda hoje levo para o meu dia-a-dia: seja qual for o medo, o melhor é agir.
Depois de agir, é hora de saborear cada oportunidade cultivada! Sem medo, não voamos, sem medo não crescemos da mesma forma como sem o fracasso presente na nossas vidas, não temos como evoluir ou aprender.