Com o aumento da taxa de desemprego em Portugal, aumentou também a procura ativa por ofertas de emprego, e com ela as típicas questões de medo e insegurança: “Será que tenho um currículo atrativo?” “Será que a informação que tenho no meu currículo é aquela que o entrevistador quer ler?” e, sobretudo, “Será que vou conseguir destacar-me no meio de tantas outras candidaturas?”.
Este era o meu maior medo, enquanto candidata. Não conseguir ser vista pelo entrevistador e não ser contactada para aquela oferta de emprego que eu tanto queria. Hoje, estando do lado do entrevistador, consigo perceber que nem sempre é possível ver todas as candidaturas de forma tão detalhada quanto gostaria, acabando por ver com mais detalhe aquelas em que a informação mais se destaca para a função em questão.
“Como é que eu me destaco, enquanto candidato, em resposta a uma oferta de emprego?” é outra pergunta que todos os candidatos querem saber a resposta (e eu também queria quando me estava a candidatar).
Há várias formas de o fazermos, elaborar um Pitch é uma delas.
O Pitch é uma prática comum no mundo das startups. É um discurso utilizado para dar uma visão ampla e completa de um negócio, com o objectivo de o conseguir vender aos potenciais investidores. No fundo, um Pitch é um discurso formulado para cativar a atenção de alguém, de provocar o interesse e a curiosidade nessa pessoa, levando-a a querer entrar em contacto, posteriormente, para obter mais informações. E é exatamente isto que pretendemos quando nos estamos a candidatar a uma oferta de emprego: cativar o interesse do entrevistador para o nosso perfil, com o objectivo de sermos contactados. Uma das formas de o conseguirmos, é anexarmos um vídeo de um Pitch ao nosso currículo.
Não existe uma estrutura mais ou menos certa de elaborar um Pitch, existe sim o que funciona melhor para cada pessoa. Podemos optar por um discurso estruturado, isto é, com uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão, ou um discurso não estruturado, onde reina a criatividade de cada um. Independentemente do discurso ter ou não uma estrutura, o mais importante é ter em mente que o objetivo é criar impacto e destacarmos-nos de todos os outros candidatos. Criatividade aqui é a palavra-chave e no mundo dos negócios há imensos Pitches criativos nos quais nos podemos inspirar.
Em relação ao conteúdo do discurso, é importante enaltecer as mais-valias enquanto candidato ideal para a função em questão, sejam elas a experiência profissional, o percurso académico, especializações ou mesmo outras competências técnicas e comportamentais relevantes. É fundamental teruma postura profissional, uma linguagem clara e objetiva, e não divagar: o Pitch ideal não deve ter mais do que 3 minutos.
Utilizar um Pitch numa candidatura traz não só benefícios para o candidato como para o entrevistador. Na ótica do candidato, permite complementar o currículo com informação relevante, dá a oportunidade de se apresentar ao entrevistador de uma forma mais pormenorizada e, ao mesmo tempo, permite evidenciar as suas competências comportamentais através do vídeo, tais como a comunicação, a empatia e a criatividade. Uma vez que se dirige directamente ao entrevistador, consegue estabelecer uma relação mais próxima e mais humana com o mesmo, o que não acontece com um simples currículo.
Por outro lado, na ótica do entrevistador, receber um Pitch permite-nos fazer uma triagem de uma candidatura de uma forma muito mais rápida e com maior precisão, uma vez que a informação dos currículos, muitas vezes, pode induzir em erro. Permite-nos, também, traçar de imediato um esboço daquele que poderá ser o perfil de competências daquela pessoa, o que nos ajuda a ter as perguntas certas no momento da entrevista e, consecutivamente, a chegar com mais exatidão ao candidato ideal para a função.
Utilizar um Pitch no momento de candidatura demonstra não só interesse e dedicação por parte do candidato mas, também, compromisso para com a vaga. E, com isto, além de nos destacarmos na fase inicial de candidatura, conseguimos destaca-nos ao longo de todo o processo de recrutamento e seleção e mesmo no momento final de seleção. Pois tudo conta num processo de recrutamento e seleção, desde o primeiro ao último momento e, muitas vezes, no último momento, é das primeiras impressões que o entrevistador se recorda.