Acho que todos nós já perdemos a conta à quantidade de artigos que lemos sobre a geração millennial. Entre várias coisas, dizem ser uma geração que traz consigo várias problemáticas.

Os entendidos referem que são jovens irrequietos, impacientes e ambiciosos, que não procuram estabilidade, mas sim oportunidades.

Mas afinal quem são estes “bichos carpinteiros”?

Deixem-me antes de mais contar a outra versão da história ...

Prestes a receber o meu “ canudo” surgem as primeiras questões: “O que é que eu vou fazer agora?” “Quem é que aceita trabalhar com um recém-licenciado?” “Será que estou preparada para o mercado de trabalho?” “ Eu não sei fazer mais nada para além de estudar?”

Estas e outras questões surgem e atropelam-se umas às outras e todas elas querem uma resposta.

Estar preparado para o mercado de trabalho é como estar preparado para um tsunami. Por mais palestras que tenhas assistido, por mais conversas cruzadas que já tenhas tido sobre esta temática, por mais que já te tenham dito “ Calma que vais encontrar as tuas respostas “ , tu só sabes o que é que realmente te espera quando estás efetivamente cara a cara com o mercado de trabalho.

Tudo começa a acontecer quando surgem as primeiras entrevistas de emprego.

E é nesta fase, quando já passaste por dezenas delas que te dizem que a tua primeira oportunidade de trabalho poderá estar na aceitação de um estágio. E muitas vezes não remunerado.

Voltemos atrás. Um millennial aceita fazer um estágio não remunerado? É isso que nos diz o manual?

Se é efetivamente não remunerado, coloca-se a questão: “ Será que me vão delegar tarefas de responsabilidade que colocam as minhas competências em prática?” “Será que eu vou ter oportunidade de executar tarefas que acrescentem valor para a organização?”.

Falar da geração millennial é a mesma coisa que falar da geração que nasce com a internet a correr-lhe nas veias, com a abundância de informação e a facilidade com que manuseamos tudo o que é eletrónico.

Vejamos o outro lado da moeda.

É verdade que a internet trouxe muita informação. Informação que interessa e é de facto fidedigna, mas também é verdade que existe muita informação que em nada é credível. Esta geração sentiu-se obrigada a reforçar a sua capacidade de filtro, de conseguir distinguir o importante do acessório.

 

Logo a seguir fomos invadidos pelo consumo em massa provocado por imagens, cheias de cor que nos induzem e incentivam à compra, muitas vezes de forma compulsiva. Perante tantas variedades, tantas opções, damos por nós a usar mais vezes a “ponderação” e a olharmos para os prós e os contras antes de tomar uma decisão.

A forma como é visto o mercado de trabalho não é diferente.

A economia reflete a necessidade de mão de obra qualificada e a escassez da mesma. Apostar em jovens recém licenciados nesta altura do campeonato é visto como um investimento a curto prazo com o argumento de que somos instáveis.

Sim, talvez sejamos instáveis. Talvez possamos ser aqueles que não desistem do que querem e do querer sempre mais. Talvez sejamos os “seres” que integram as empresas com uma voz e uma opinião que mais do que apenas partilhá-la, querem colocá-la em prática. Talvez sejamos mesmo os “seres” que procuram desafios constantes. Diria os inconformados. Talvez sejamos esta coisa rara que precisa constantemente de inovação e de mudança.

Mas antes disto tudo, somos e podemos ser mais do que uma geração a quem atribuiram o nome de millennial.

Tenho um nome. Tenho a minha identidade. Tenho o meu percurso de vida e tenho a minha história.

É verdade, sou movida por desafios. Parte de mim transporta esse conceito. Mas a minha forma de estar, diz-me que o meu percurso profissional deve passar por várias etapas.

Fui ensinada a esperar, e a tomar consciência que existe uma fase de aprendizagem.

Sou muito mais do que uma geração que não se traduz apenas em duas linhas.

 

Será que temos a capacidade de olhar para além do que uma geração pode representar?

mariana henriques
mariana henriques
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mariana henriques

staffing consultant, randstad portugal