Junho, é por excelência o mês de Portugal e é impossível ficar indiferente ao discurso de João Miguel Tavares nas celebrações do 10 de junho, que após citar um poema de Camões, recomenda "Menos exaltação patriótica e mais paixão por cada ser humano".
E é de pessoas e humanidade que temos de falar.
Do Ronaldo que levantou a taça da liga das nações, mas também das pessoas que nos faltam em todos os setores de atividade.
O secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, fala mesmo em escassez “transversal” a quase todos os setores e regiões. E embora refira a atratividade de Portugal para trabalhar, na conferência que a Randstad organizou em conjunto com a Renascença ficou claro que não existe uma estratégia para a necessidade de mão de obra e que Portugal ainda está longe de ser um destino para trabalhar.
Esta é uma preocupação pública e Europeia, e que também está na agenda das empresas.
A procura por trabalhadores disparou 25% no primeiro trimestre deste ano ultrapassando as 34 mil ofertas de trabalho. Construção, administração pública, educação, saúde e tecnologia são os sectores que reforçam a procura por trabalhadores no nosso país.
Um desafio para quem tem de lidar com as dificuldades e a morosidade na obtenção de vistos de trabalho, o que prejudica o mercado de trabalho e por consequência a economia nacional.
As próprias universidades, que vêem reforçada a sua posição nos rankings internacionais, têm depois de lidar com desafios burocráticos que podem mesmo levar a que os estudantes oriundos de espaço não comunitário não consigam frequentar as aulas.
O envelhecimento da população é ainda mais preocupante. Na conferência dos 30 anos da revista Exame, sem meias palavras, o economista João Duque demonstrou que a média de idades em Portugal é hoje de 44 anos. Não se prevendo qualquer aumento da natalidade nos próximos 30 anos, esta média continuará inevitavelmente a aumentar de forma progressiva.
O estado social está assim em risco. Apesar do aumento da idade legal de reforma estar hoje acima dos 66 anos, a verdade é que no ano passado os trabalhadores reformaram-se em média aos 63 anos e oito meses.
O mercado de trabalho mudou e continuará a mudar. E cada vez mais rapidamente, fruto da tecnologia e até das mudanças geracionais. Uma transformação que não podemos ignorar e à qual temos de dar resposta, sempre com a certeza de que são as pessoas que estão e estarão no centro da equação.