Estudaste durante anos sem parar, batalhaste com os colegas e professores, e finalmente conseguiste pôr a mão no tão cobiçado diploma. E agora?
De certeza, tal como eu, que também experienciaste um sentimento de grande realização e orgulho após a conclusão do curso e, uns dias depois, essa sensação converteu-se em alguma desorientação, em que questionaste o propósito e o sentido desta grande conquista. Preparam-te bem para desempenhar uma determinada actividade profissional, mas não te preparam com métodos e estratégias para conseguir a oportunidade de trabalho na área que ambicionas, nem para colocar esse conhecimento em prática. E agora, como convences a pessoa ou entidade que está a recrutar que és a pessoa certa?
Nem todos temos o privilégio de sair de uma área com empregabilidade alta. Nem sempre encontramos logo a oportunidade de trabalho que procuramos, o que poderá levar-nos a sentir que não existem soluções e que somos autênticos peixes fora d’água. Poderás sentir ou até provavelmente já ouviste o seguinte dilema: “As empresas procuram pessoas com experiência na área, mas não consigo ter experiência na área porque não me dão emprego sem a ter!”. Verdade?
À primeira vista encontramo-nos num verdadeiro paradoxo, sobre o qual nos debruçamos dia e noite à procura da solução (ou seja, o código secreto que vai permitir decifrar este dilema), e à medida que os dias vão passando e mais pensamos nisso, vamos perdendo pouco a pouco a nossa motivação.
Mas se pensas que este é um loop infinito, enganas-te.
Poderás sair deste loop, percebendo que a questão principal está na mentalidade de que a experiência profissional na área de estudos é a única que conta.
Existe um conjunto de competências chamadas “soft skills” que estão presentes e são transversais à maior parte das profissões. São competências desenvolvidas por cada um e que não podem ser ensinadas em contexto de aula, ou seja, apenas são adquiridas e aperfeiçoadas à medida que vais tendo necessidade de as desenvolver, idealmente em contexto de trabalho. Estas são as competências que distinguem um bom profissional de um menos bom, onde ambos têm as mesmas competências técnicas.
Exemplos de soft skills são a capacidade de pensamento crítico, trabalho em equipa, resolver problemas sob pressão, capacidade de se adaptar à mudança, capacidade de comunicação, resiliência, profissionalismo, etc.
Poderás realizar o seguinte exercício: abre um website de emprego e olha para as primeiras vagas que aparecerem na listagem resultante da tua pesquisa. Olhando para a lista de soft skills acima, em quantas vagas de emprego é que estas são completamente desnecessárias? Imagino que em muito poucas (ou nenhuma).
Penso que por esta altura já tenhas entendido o propósito deste artigo: para iniciares a tua carreira profissional deverás começar por algum lado, qualquer lado, mesmo que não seja directamente relacionado com a tua área de estudos ou com o que ambicionas fazer no futuro.
Obter experiência profissional em outras áreas irá:
- demonstrar que estás motivado e és flexível para realizar outras tarefas para além da tua função principal, caso necessário;
- evidenciar que já adquiriste alguma maturidade e sentido de responsabilidade em contexto profissional;
- ajudar-te a identificares qualidades que não sabias que tinhas e áreas em que ainda tens de melhorar.
Como estás prestes a iniciar a tua carreira profissional, talvez fiques um pouco decepcionado por não encontrar neste artigo A solução para conseguires um emprego onde possas implementar imediatamente todas as competências técnicas e complexas que adquiriste nos árduos anos de estudo.
Mas não fiques triste. O caminho poderá ter desvios: uns curtos, uns mais longos do que o que antecipaste, ou até que te levarão para uma carreira profissional que nunca imaginaste e onde não te imaginarás a fazer outra coisa!
O importante é teres a mente aberta pois o mundo está repleto de oportunidades. Cabe a nós descobrir como tirar proveito delas e manipulá-las para os nossos interesses e ambições.