Com ou sem pandemia, Portugal é um dos principais centros de inovação tecnológica
Na BJSS acredita-se que Portugal está rapidamente a tornar-se num dos destinos preferenciais no que toca a emprego tecnológico e de inovação. E, assim, foi escolhido pela consultora britânica como “porta de entrada” para a sua expansão na Europa.
Entrevista a Pedro Ferreira, Head of Delivery (Lisbon) da BJSS
Em Agosto, a BJSS entrou no mercado português, com um investimento de 12 milhões de euros, prevendo recrutar até 150 pessoas num período de 18 meses. Pedro Ferreira, Head of Delivery (Lisbon) da BJSS, garante o «comprometimento na criação de postos de trabalho desafiantes e altamente qualificados». Conscientes de que o mercado tecnológico de profissionais é, sem dúvida, um mercado competitivo, que valoriza não só a remuneração, mas, mais importante, o tipo de desafios que enfrenta, incentivam os colaboradores a definir o seu próprio percurso e isto, por vezes, inclui mudanças radicais na área funcional. E essa fluidez, aliada à cultura da BJSS, é distintiva.
O que motivou a aposta da BJSS no mercado português?
Portugal e, em especial, Lisboa, tem feito um esforço sublime na promoção, atracção e captação de talento tecnológico. Existem centenas de startups que optaram por estabelecer operações no País e esse número tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos. Apesar da sua reduzida dimensão comparativamente com outras capitais da Europa, Lisboa tem vindo a gerar um volume impressionante de negócios tecnológicos.
Do nosso ponto de vista, este contexto permite a que organizações como a BJSS possam beneficiar de uma envolvente acolhedora e de um talento altamente qualificado. Por outro lado, escolher a capital como a sua base portuguesa permite à BJSS estabelecer laços ainda mais fortes com os seus clientes europeus ao mesmo tempo que fortalece as respectivas valências e serviços no mercado ibérico.
Poder-se-ia pensar que, no atual contexto, seria um investimento adiado. Porque não o fizeram?
A BJSS fez a sua análise e acredita no potencial do mercado português. O contexto da pandemia trouxe novos desafios que vieram colocar à prova a habilidade dos vários escritórios trabalharem remotamente com clientes de várias geografias.
Apostar em Portugal neste momento significa também poder trabalhar com o tecido empresarial do País, trazendo a nossa experiência e maturidade, estando também disponível para trabalhar qualquer tipo de soluções e desafios com uma equipa verdadeiramente internacional.
Em que é que consiste exactamente a actividade da BJSS?
A BJSS é uma empresa líder em tecnologia e consultoria de programação. O nosso objectivo é o de solucionar desafios tecnológicos assim como desenvolver soluções inovadoras que respondem às necessidades dos clientes, mas também fazem uso da tecnologia como forma de criar valor nos utilizadores e consumidores dessas mesmas.
Oferecemos serviços na área da tecnologia, programação, soluções para a ‘cloud’, gestão de projecto, big data e inteligência artificial, estratégia digital e design de produtos digitais entre outros. A nossa abordagem assenta em metodologias ágeis e tem como objectivo principal a solução de desafios e a promoção e facilitação da transformação digital dos clientes.
Que objectivos pretendem alcançar, a curto/ médio prazo?
A BJSS quer trabalhar com empresas nacionais e internacionais na Península Ibérica com o objectivo de suportar os vários desafios tecnológicos de forma interactiva, rápida e robusta. Acreditamos na criação de valor ao longo do projecto, com vista a desenvolver soluções que não só trazem modernização, como são verdadeiramente úteis para todos os participantes internos e utilizadores finais da solução, criando verdadeiro valor e transformação para a empresa.
Também temos como objectivo estabelecer e trabalhar pontes com a indústria, sector público e privado, de forma a introduzir a nossa vasta experiência a operar no mercado britânico através de metodologias ágeis e desenvolvimento de soluções robustas e centradas no utilizador.
Reconhecemos também o valor em trabalhar com startups e scale-ups no sentido de as ajudar a escalar soluções e a ultrapassar desafios ao longo da sua jornada de inovação.
Quais os principais desafios que perspectivam?
Um dos principais desafios em Portugal prende-se com a criação de uma presença de marca que nos permita dar a conhecer as nossas capacidades técnicas ao maior número de empresas possível, para que possamos começar a replicar aquilo que acaba por ser a nossa estratégia no mercado britânico. Estamos conscientes que a realidade do tecido empresarial em Portugal apresenta as suas próprias oportunidades e desafios, pelo que é fulcral continuar a trabalhar e a evoluir.
Já manifestaram a intenção de contratar 150 colaboradores. Quantos já contrataram e quando esperam atingir esses 150?
De facto, a nossa intenção é recrutar até 150 pessoas num período de cerca de 18 meses. Estes dois números são o nosso objectivo e permitem-nos estabelecer uma meta e comprometimento.
Até à data, a nossa equipa tem vindo a crescer a um ritmo expectável e contamos actualmente com 10 colaboradores em Portugal. Nesta fase inicial, quisemos começar por consolidar processos e compreender melhor a realidade e dinâmica portuguesa, pelo que iniciaremos em breve uma segunda fase em que iremos começar a acelerar a contratação, trabalhando com parceiros locais, aliados à nossa equipa central de recrutamento.
Como fizeram o recrutamento dessas 10 pessoas?
Devido ao contexto atual da pandemia, o processo de recrutamento decorre principalmente online. Contamos com uma equipa de recrutamento exclusivamente dedicada a Portugal, por forma a capitalizar nas características únicas deste mercado.
Que perfis e competências procuram?
A nossa estratégia de recrutamento foca-se principalmente em perfis tecnológicos, mas também estamos à procura de pessoas com conhecimento em torno das áreas inerentes a projectos de desenvolvimento ágeis.
Ou seja, neste momento, estamos à procura de programadores frontend, backend e fullstack, com valências em linguagens de programação relevantes para o tipo de projectos que desenvolvemos, como por exemplo JAVA, .NET, Python, C#.
Do mesmo modo, também analisamos perfis de análise de negócio, design de experiências de utilizador, gestão de projectos tecnológicos, engenheiros de plataforma, engenheiro de cloud ou até arquitectos de sistema, entre outros.
Vão privilegiar o recrutamento em Portugal, fora, ou a localização já não é critério?
O nosso principal objectivo é criar uma equipa multifacetada, a vários níveis. Desde género, qualificações académicas, background, níveis de experiência, idade, naturalidade e valências técnicas, o que significa que privilegiamos personalidades e experiências interessantes, que estejam alinhadas com o tipo de desafios com que lidamos nos nossos projectos. Para nós a diversidade é importante, reconhecida e promovida a todos os níveis, e acreditamos que isso enriquece as equipas, os projectos e a cultura da nossa empresa.
Mas acha que a pandemia veio reforçar ou fragilizar a atractividade de Portugal enquanto destino para trabalhar? Se dúvidas existissem, a obrigatoriedade de confinamento provou que, em muitos casos, se pode trabalhar a partir de qualquer lugar, mantendo a produtividade.
Com ou sem pandemia, Portugal continua a ser um dos principais centros de inovação tecnológica. Apostar em Portugal passa por demonstrar o valor do talento que temos no país, o que também resulta na atracção de talento internacional para trabalhar e desenvolver soluções inovadoras nesta zona da Europa.
Isto também significa que Portugal está rapidamente a tornar-se num dos destinos preferenciais no que toca a emprego tecnológico e de inovação. Um outro motivo para a nossa expansão para Portugal foi também o comprometimento na criação de postos de trabalho desafiantes e altamente qualificados.
Cada vez mais, as profissões digitais dependem de talento, personalidade e capacidade técnica e menos de uma presença física mandatória, é importante reconhecê-lo.
A pandemia veio colocar todas as organizações numa situação de desafio face ao trabalho remoto. Demonstrar o valor daquilo que desenvolvemos sem depender de onde estamos, acaba por criar também um contexto em que o talento global e nacional começa a escolher onde quer trabalhar com base na qualidade de vida que é possível construir. Portugal tem tudo isso.
E quais são os pontos negativos/ menos positivos de Portugal enquanto empregador?
Naturalmente, uma das principais diferenças entre o mercado de trabalho português e o britânico prende-se com o impacto que a carga fiscal tem nas pessoas e no empregador. De qualquer das formas, Portugal não é o único país da Europa com elevadas cargas fiscais. O importante é garantir que estas dimensões são reflectidas num planeamento e estratégia adaptados à realidade portuguesa.
Que modelo de trabalho estão/ vão privilegiar? Remoto, presencial, híbrido? Porquê?
Actualmente, o nosso modelo de trabalho é flexível, com um foco no trabalho remoto. Com o desenrolar da pandemia, a BJSS foi capaz de se ajustar aos desafios do trabalho remoto. Isto permitiu-nos manter, e em alguns casos aumentar, a nossa capacidade de desenvolvimento de soluções com os nossos clientes. Estes resultados devem-se sobretudo à flexibilidade que o trabalho remoto proporciona, incentivando ajustes no ritmo de trabalho à realidade familiar de cada um de nós, alavancados pela nossa cultura interna, que estimula e incentiva a colaboração entre pessoas.
A forma como trabalham, e lideram e gerem equipas, mudou – de forma permanente – como consequência da pandemia?
Como resultado da pandemia, todo o trabalho passou a poder ser feito de forma remota. Continuamos com os escritórios abertos, sendo utilizados pelas pessoas quando necessário. Num contexto futuro de cenário pós-pandemia, a ideia é estabelecer um modelo híbrido não rígido, que permita a interacção humana, mas que suporte também a flexibilidade de se poder trabalhar a partir de casa ou de outro ponto que não o escritório.
Creio que a pandemia só veio demonstrar aquilo que há algum tempo já acreditávamos na BJSS, que se prende com o que desenvolvemos e com o fato de que a criação de soluções requer talento e personalidades específicas, onde a sua localização é, muitas vezes, irrelevante. Vivemos num mundo digital no qual temos acesso a um sem número de ferramentas digitais que nos permitem ser e desenvolver de qualquer parte.
Mais do que nunca, as empresas têm que ser cada vez mais ágeis…
Sim. E a BJSS em Lisboa está focada em desenvolver e facilitar a transformação digital do tecido empresarial da região ibérica, assim como de clientes internacionais, através dos nossos métodos e abordagens ágeis – Enterprise Agile.
Esta abordagem está alinhada com os requisitos de desenvolvimento do governo britânico e tem sido instrumental em várias soluções e sistemas de sucesso que vão desde uma plataforma digital que coordena 60% do trading global entre instituições financeiras, até à maior plataforma de saúde open-source do mundo.
Num mercado cada vez mais competitivo, o que acredita que os profissionais – aqueles que procuram –, mais valorizam hoje em dia? A pandemia veio trazer algumas alterações nesse âmbito, segurança, por exemplo?
O mercado tecnológico de profissionais é, sem dúvida, um mercado competitivo, que valoriza não só a remuneração, mas, mais importante, o tipo de desafios e tecnologias que enfrenta. Para nós, é importante que o talento sinta que está a ser positivamente desafiado, ouvido e que sinta que tem impacto nas soluções desenvolvidas. A pandemia veio trazer novos desafios, mas nada que não tenhamos sido capazes de enfrentar ou que já estivéssemos preparados para.
Quais os vossos argumentos para atrair – e reter – talento?
A BJSS acredita nas pessoas que contrata e está empenhada em criar as condições necessárias para promover o seu desenvolvimento e crescimento. Por outro lado, acreditamos que o talento é fluído e multifacetado. Isto significa que internamente promovemos o desenvolvimento de conhecimento lateral, assim como a diferença, as ideias, a proactividade.
Somos uma organização que gosta de implementar soluções, resolver desafios tecnológicos, independentemente do seu tamanho ou complexidade. Isto cria um sentido de identidade e motivação interna que estimulamos.
Na prática, incentivamos as pessoas a definir o seu próprio percurso e isto, por vezes, inclui mudanças radicais na área funcional. Internamente, temos vários casos de programadores que decidiram tornar-se analistas de negócio, ou designers que se tornaram programadores, entre outros. Acreditamos que esta fluidez é um reflexo daquilo que somos e sabemos também que isso é uma realidade que não é muito comum nas empresas de consultoria.
É isso que vos distingue e torna a BJSS uma empresa atractiva para trabalhar…
A BJSS é uma empresa bastante horizontal, que promove a colaboração e o desenvolvimento lateral de competências e valências técnicas. A empresa tem um grande foco na materialização de soluções para clientes, como também na aplicação de metodologias ágeis, que promovem a voz individual de cada pessoa que participa no projeto.
Internamente, valorizamos o desenvolvimento de pessoas, assim como o sentido de pertença e o envolvimento. Como referi, damos a possibilidade de a pessoa entrar para uma determinada área, mas evoluir para outra se assim o entender. Acredito que essa fluidez e cultura tornam a BJSS uma empresa bastante atractiva.
Quais são os próximos passos para a vossa consolidação em Portugal?
A nossa chegada a Portugal representa um marco importante na direcção e globalização da empresa. Esta é a nossa primeira expansão fora do mercado norte-americano, por isso é de certa forma a nossa porta de entrada para a Europa, tendo uma importância estratégica para a BJSS.
Portugal, como mencionei, permitir-nos-á aceder à riqueza de talento profissional existente, o que também é algo interessante para os nossos clientes que têm desafios globais e complexos. Por conseguinte, este passo significa que os nossos colegas dos escritórios britânicos, norte-americanos e portugueses passam a poder colaborar e trabalhar em conjunto, apresentando e desenvolvendo soluções capazes de fazer ultrapassar os desafios dos nossos clientes. Esta é, sem dúvida, uma altura interessante para a empresa e para Portugal.