A evolução tecnológica é impulsionada por avanços científicos, inovação, pesquisa e necessidades sociais. Com ela, a nossa vida fica mais facilitada, pois inúmeros meios e ferramentas digitais ficam ao nosso alcance, tanto a nível relacional, comunicacional, académico e profissional.
No que se refere à inteligência artificial (AI), mesmo que de forma invisível, ela tem impacto em diversas áreas e ferramentas que nos auxiliam: assistentes pessoais digitais, traduções, conteúdos, diagnósticos médicos, casas e cidades inteligentes, veículos autónomos. Não se trata, por isso, de um tema novo, mas que na atualidade se tornou mainstream com o ChatGPT.
O ChatGPT como é uma ferramenta de inteligência artificial (chatbot) desenhada para proporcionar uma experiência de conversação próxima à humana, em tempo real, entre utilizadores humanos e uma inteligência artificial; que melhora a eficiência diária dos utilizadores, quando utilizada em diferentes áreas (Recursos Humanos, Marketing, Audiovisuais, Turismo, apoio ao cliente, programação...); e para diferentes tarefas (auxiliar na contratação, escrever e-mails, atendimento ao cliente, escrever descrições de cargos e pedidos de entrevistas, análise de dados, produção de conteúdo...). É apenas mais uma das aplicações de sistemas de inteligência artificial generativa orientada à conversação, no entanto, foi a aplicação com o crescimento mais rápido da história da internet.
De acordo com relatório do estudo "HR’s future state report 2021: The Impact of Artificial Intelligence on Talent Processes" realizado pela Eightfold AI em 2021 (empresa que desenvolve a plataforma de recrutamento recorrendo à inteligência artificial) cerca de 82% dos inquiridos acreditam que as equipas de recursos humanos irão recorrer a mais ferramentas de inteligência artificial nos processos de gestão de talentos nos próximos cinco anos (recrutamento e contratação inclusiva, equitativa e diversidade, onboarding, formação contínua, processamento de folha de pagamento, administração, gestão disciplinar, gestão de registo de funcionários e de recompensa); e mais de 50% das empresas já usam tecnologias relacionadas com inteligência artificial para transformar os processos de gestão de talentos que utilizam; enquanto 60% dos profissionais de recursos humanos tencionam utilizar inteligência artificial para promover a inclusão e a equidade entre os colaboradores, bem como aprimorar e (re)qualificar os colaboradores, preparando-os assim, para o futuro na empresa.
sempre que uma tecnologia é falada ou adotada em grande escala, ora nos sentimos fascinados, ora nos sentimos assustados. e por isso, será que devemos considerar o ChatGPT como um um aliado ou como um inimigo?
Remetendo à teoria de Umberto Eco, por um lado, temos os "integrados", aqueles que estão fascinados com o novo mundo de possibilidades e soluções que a inteligência artificial traz consigo; e, por outro, os "apocalípticos" , aqueles que estranham e demonstram desinteresse ou antipatia pela inteligência artificial.
Mas, mesmo para aqueles que se revêem nos "integrados" quem nunca pensou sobre os riscos a curto ou longo prazo da inteligência artificial? No seu impacto no mercado de trabalho, na privacidade de dados, nos ciberataques, nos perigos de conjuntos de dados tendenciosos e falsos?
Embora o ChatGPT não seja uma ameaça em si, quer em ambiente privado ou corporativo, utilizado de modo indevido e malicioso, ele pode comprometer a segurança das pessoas e das organizações: ciberataques, crimes relacionados com privacidade de dados e fraude empresarial, conteúdo falso e material manipulador, inclusão de preconceitos raciais e de género, desinformação e produção de conteúdo falso, substituição de alguns empregos relacionados com tarefas repetidas.
É por isso que, face aos rápidos avanços tecnológicos na área da inteligência artificial e aos impactos que tem na transformação da sociedade (a qual já estamos a viver), o mundo deverá estar comprometido com uma abordagem responsável da utilização da inteligência artificial e das suas ferramentas para nos salvaguardarmos dos riscos a que ficamos expostos enquanto indivíduos e organizações.
Pode então ser, o ChatGPT, uma ameaça ao emprego já que permite substituir algumas tarefas repetitivas? Ou, pelo contrário, uma oportunidade para que os profissionais se possam concentrar em tarefas que acrescentem verdadeiramente valor?
Revejo-me nos "integrados" e, acredito por isso que, o ChatGPT é um aliado enquanto ferramenta de trabalho, que permite a produção de conteúdo e protótipos de forma mais rápida; a automação de tarefas repetidas libertando-nos para o pensamento criativo e resolução de problemas, o apoio à pesquisa e tomada de decisões informadas, identificação e resposta ciberataques em tempo real; e que, quando utilizado na área dos recursos humanos, melhora a eficiência diária dos utilizadores ao permitir economizar tempo, enquanto ferramenta que auxilia a escrita de descrições de emprego, criação de anúncios de emprego, geração de roteiros de entrevista, escrita de e-mails de notificação a candidatos, definição e orientação de insights personalizados baseados em dados de perfil de colaborador, criação de um programa de integração para novos colaboradores (ainda que, apresente algumas limitações quando aplicado aos recursos humanos, nomeadamente a falta de "toque humano", privacidade de dados, falta de inteligência emocional, limitação no que diz respeito a questões culturais, falta de rigor e raciocínio lógico).
Acredito ainda que, como forma de nos proteger a todos, governos, líderes mundiais, investigadores e as pessoas, estão atentos e se encontram focados em criar soluções e a estabelecer medidas de mitigação dos riscos com a criação de novas regras e leis abrangentes à inteligência artificial, legislação que atenue os preconceitos raciais e de género, definição de critérios e métricas verificáveis e fortificação das medidas de segurança.
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