Ser trabalhador-estudante é um desafio, mas também é muito gratificante. Perguntámos a alguns colaboradores Randstad que são também estudantes o que sentem e quais os seus truques para superar as adversidades.
O que estudas e qual a tua função atual?
Daniela: Sou licenciada em Recursos Humanos. No último ano da licenciatura, estive a trabalhar como operadora de loja em regime de part-time nocturno para conciliar com as aulas. Entretanto, realizei um estágio na Randstad e deixei o part-time para começar a trabalhar a tempo inteiro como estagiária. Atualmente, trabalho como consultora na Randstad na área de Staffing. Este ano decidi voltar a estudar poracreditar que estava na altura de aprofundar os meus conhecimentos. Estou a frequentar o Mestrado de Gestão e Desenvolvimento de RH desde o início de outubro de 2020.
Gonçalo: Atualmente estou no primeiro ano do mestrado de Ciência de Dados e trabalho como analista de negócio num dos nossos clientes de outsourcing, mas desde que comecei a trabalhar, sempre fui trabalhador-estudante, praticamente 80% da minha vida adulta.
Joana: Estou a estudar Gestão de Recursos Humanos há 2 anos e meio, estou no último ano da licenciatura. Durante este período trabalhei em recrutamento, marketing e gestão de recursos humanos, sempre na Randstad.
Ser trabalhador-estudante não deve ser fácil... quais os principais desafios?
Gonçalo: A capacidade de garantir excelência em ambos os vectores, ao mesmo tempo que se é feliz e concretizado em todos os eixos da nossa vida. A peça-chave aqui, claro, é a gestão inteligente do tempo, fazendo por vezes algumas concessões. Algo que aprendi desde muito cedo neste percurso foi que não ia conseguir aproveitar a experiência acadêmica de forma plena, como alguns dos meus colegas o fizeram, mas em contrapartida ganhamos bastante maturidade e passamos a valorizar mais o nosso próprio esforço. Há tempo para tudo: trabalhar, estudar, sair e jantar com colegas, criar laços e construir networking, usufruir de workshops e aulas abertas, participar em centros de investigação. Sim, sim, e também para espreitar uma festa universitária ou outra. Nada ficou por fazer!
Joana: Os principais desafios são conseguir gerir as prioridades, alguma frustração e a gestão do tempo. Por vezes há um sentimento de culpa de não estar presente no trabalho em época de exames, e o mesmo acontece com os picos de trabalho em que não conseguimos assistir às aulas.
Daniela: O principal desafio de ser trabalhador-estudante traduz-se nas capacidades de organização e foco que são necessárias para conseguirmos atingir os nossos objetivos tanto a nível profissional e académico sem deixar que interfira ou prejudique o nosso desempenho. Dependendo do tipo de trabalho que tenhamos, também pode ser difícil encontrar tempos de descanso suficientes ou conseguir conciliar o trabalho com as aulas. Há situações em que o horário do trabalho é igual ao da faculdade e temos de optar se é importante para nós continuar a trabalhar ou se é frequentar as aulas presencialmente. No caso do trabalhador estudante por norma a prioridade é o trabalho e como não há possibilidade de ir às aulas o rigor e a exigência que colocamos em nós próprios é muito superior porque temos de conseguir acompanhar.
Como consegues conciliar o teu tempo?
Joana: Respeitando os horários mas com alguma flexibilidade. Enquanto estou a trabalhar tento não pensar na faculdade e vice versa. Durante o fim de semana não estudo nem trabalho, é o meu tempo pessoal e para cuidar de outras tarefas. Quando entro em época de exames esta rotina altera-se toda e o tempo pessoal fica bastante reduzido, mas são no máximo 2 semanas.
Daniela: Para conseguirmos conciliar bem o nosso tempo é necessário haver um bom planeamento do que temos para fazer e quais as partes do dia para o fazermos. Ao sermos trabalhadores-estudantes o horário de trabalho passa a ser a peça-chave. Eu sei que das 09h às 18h estarei a trabalhar e tenho de estar focada nisso. As responsabilidades escolares como as aulas, o tempo para estudar e realizar trabalhos têm de ser feitas fora desse horário. No meu caso em concreto, é mais difícil, porque durante o dia estou a trabalhar e à noite tenho aulas pelo que fico muito limitada ao fim-de-semana para conseguir realizar todas as tarefas associadas à faculdade. No entanto, é importante realçar que também precisamos de tempos de descanso, de fazermos coisas pessoais de que gostamos para equilibrar o nosso bem-estar.
Gonçalo: Pensando de forma antecipada no que preciso de fazer, planeando e estruturando a minha vida para conseguir responder a todos os prazos: por exemplo, tenho um projecto novo para entregar dentro de algumas semanas e já sei que não vou conseguir dedicar-me oito horas por dia nos quinze dias que antecedem o prazo entrega; por isso, comecei logo a trabalhar sobre o mesmo em sessões mais concentradas (e que acabam por ser mais produtivas) e com uma maior antecedência.
O teletrabalho veio mudar algo na tua rotina?
Gonçalo: Então não? A capacidade de conciliar melhor o meu tempo (da equação retiram-se deslocações diárias entre local de trabalho, faculdade e casa) fazem com as aprendizagens não sejam tão inflamadas pelo cansaço e pelo desgaste físico. Em contrapartida, perdemos um pouco o lado humano das relações com os stakeholders de todo o processo de ensino: professores, colegas, serviços académicos e empresas que participam nas nossas atividades.
Daniela: O teletrabalho surge como uma forma de rentabilização de tempo. As aulas passaram a ser atuais devido ao contexto em que atualmente vivemos pelo que acabo por não ter de dispensar tempo em deslocações e posso aproveitar esse tempo como uma pausa ou até para conseguir estudar. No entanto, o meu dia inteiro (trabalho e faculdade) acaba por se resumir ao mesmo espaço o que faz com que às vezes seja difícil de distanciar as coisas.
Joana: Não é fácil responder a esta pergunta, acho que depende muito de pessoa para pessoa. Não tem quer me deslocar fisicamente dá-me mais tempo para me dedicar a cada uma das tarefas. No entanto, é muito complicado estar em frente ao computador das 9h às 22h30 e manter algum foco.
Tens alguma dica para futuros trabalhadores-estudantes?
Daniela: A melhor dica que posso dar para quem tem interesse em trabalhar e estudar ao mesmo tempo é realizar o planeamento diário/semanal do que temos/pretendemos fazer porque não é fácil conciliar as duas coisas se não tivermos algum método. Contudo, é possível, mesmo muito possível. Se estamos a fazer as duas coisas é porque temos um motivo para isso estar a acontecer e isso é a nossa maior motivação para conseguirmos os melhores resultados possíveis nos dois campos.
Gonçalo: Não seria o mesmo profissional que sou se as “minhas ideias” e projectos profissionais não fossem alimentados pelo que ouvi na sala de aula no dia anterior, do que li num livro mais teórico ou mesmo pela troca de experiências com colegas. O momento ideal para aplicar as nossas aprendizagens é mesmo agora: garantir a aplicabilidade do que se ensina em cada curso carece muitas vezes de empenho e alguma criatividade, mas criam um factor distintivo no nosso trabalho. O que pode uma aluna de medicina dentária acrescentar ao seu trabalho no call center daquilo que aprendeu no curso? Tanto. Faz parte do nosso papel criar a ponte entre as universidades e as empresas. É importante acrescentarmos sempre mais alguma coisa e quebrar rotinas de trabalho com ideias frescas e inovadoras.
Joana: Não ouçam a voz interior que vos diz para desistir, nem vozes exteriores que digam que é impossível. O tempo passa a correr e quando se apercebem já está quase a acabar. Aproveitem ao máximo porque vale a pena o esforço extra!