A resiliência das empresas não financeiras portuguesas em 2021 foi favorável, com melhoria da criação de valor, geração de caixa e perceção de risco, aproximando-se dos valores de 2019, revela o estudo “Panorama Empresarial Portugal 2021-2019”, divulgado pela Iberinform, empresa de estudos e análise do grupo Crédito y Caución.
Construção, Imobiliário, Serviços de Utilidade Pública, Indústria do Papel, Madeira e Cortiça, Têxteis e Vestuário ou a Indústria Farmacêutica foram alguns dos sectores de atividade que, em 2021, apresentaram melhores indicadores de resiliência associados às suas atividades de produção e comercialização.
No caso da construção, o estudo salienta que o sector teve sempre continuidade na sua atividade, com as suas carteiras de obras nos mercados interno e externo, apesar das limitações de fornecimento de materiais, confirmando as boas perspetivas prévias.
As atividades ligadas ao Turismo (Alojamento, Restauração, Transporte Aéreo de Passageiros, Operadores Turísticos e Atividades Cultuais), fortemente afetadas pela pandemia, são as que apresentam piores indicadores de resiliência associados. Contudo, o estudo refere que o setor está a recuperar fortemente o seu volume de negócios e os indicadores de criação de valor e de geração de caixa tanto em 2021 como em 2022.
No geral, o estudo revela que, no segundo ano de impacto da pandemia na economia mundial, as empresas portuguesas recuperaram os níveis de volume de negócio face a 2020 (+18,7%), embora o montante de 347.263 milhões de Euros esteja ainda 5% abaixo do alcançado em 2019.
Também em termos de geração de caixa pelas operações, o universo das mais de 328 mil empresas analisadas registou uma variação positiva de +12% face a 2020, totalizando 52.714 milhões de euros, embora ainda 9,4% abaixo face a 2019.
Contudo, a taxa de margem de segurança económica em 2021 evoluiu favoravelmente para 6,2% e aproximou-se dos valores de 2019 (6,6%), ou seja, o resultado económico da empresa passaria a ser negativo com uma quebra de negócios de 6,2%, valor muito acima dos 0,4% de 2020.
Segundo o estudo, o reforço dos níveis de liquidez das empresas não financeiras para fazer face a riscos acrescidos, conjugado com o aumento da margem de segurança económica e financeira das empresas não financeiras portuguesas, permitiu aumentar o tempo de paralisação crítico por rutura de tesouraria de 1,9 meses em 2020 para 2,6 meses em 2021 (2,1 meses em 2019).
O Panorama Empresarial 2021-2019 da Iberinform evidencia que a rendibilidade económica bruta das empresas não financeiras portuguesas em 2021 ultrapassou os valores de 2019 situando-se nos 11% do EBITDA, versus 10,8% em 2019. O indicador de produtividade também aumentou para um patamar próximo de 2019: 1,66 Euros de valor acrescentado por cada Euro de Valor dos Empregados (1,67 Euros em 2019).
O estudo indica, ainda, melhorias no risco estratégico e risco económico das empresas portuguesas face a 2020, alcançando-se os níveis percecionados em 2019. O risco financeiro também diminuiu face a 2020, com a autonomia financeiras das empresas a evoluir de 36,9% em 2020 para 37,6% em 2021 (39,3% em 2019).
A diminuição do risco de tesouraria face a 2020 é confirmado pela diminuição das perdas por imparidade de dívidas de clientes e por uma maior aproximação do crédito de fornecedores efetivo do seu limite estimado: 61,9% acima do limite em 2020 para 48,8% acima do limite em 2021 (49,4% em 2019). O prazo médio de pagamento a fornecedores manteve-se estável nos 68 dias (69 dias em 2020 e 67 em 2019).
Este estudo foi elaborado com base na análise dos agregados extraídos das demonstrações financeiras e seus anexos das empresas não financeiras portuguesas com volume de negócio não nulo e Certificação Legal de Contas ao longo dos períodos em análise. O universo em estudo abrangeu um total de 328.003 empresas (+1% face a 2019 e 14,3% face a 2020) que empregam 2.689.326 pessoas.