O incessante e elevado desemprego jovem tem sido um desafio persistente para o governo, empregadores, sindicatos, organizações não-governamentais (ONGs), e sobretudo, para os próprios jovens.
O mercado de trabalho de hoje é difícil e os jovens precisam de ajuda e apoio para encontrar, e permanecer, no emprego.
A 4 de Novembro, a Randstad divulgou os resultados de um relatório global de desemprego jovem, com base nas respostas de 73,4 milhões de jovens desempregados de todos os sectores da UE, EUA, Canadá, Austrália e Japão.
As principais conclusões provam que os jovens entre os 15 e 24 anos, a nível global, estão a enfrentar uma situação muito mais difícil na procura de emprego do que o mesmo grupo etário em 2007.
E mais preocupante ainda é a quantidade de jovens que dão por si dissociados da educação enquanto o mercado de trabalho está a aumentar. Tanto é que se prevê que, em 2018, a taxa de desemprego jovem global ascenda a 12,8 por cento (de 12,6 por cento em 2013).
O enfraquecimento da recuperação global em 2012 e 2013 agravou ainda mais a crise e as filas para as oportunidades disponíveis tornaram-se mais longas para muitos candidatos a emprego.
A desencorajadora falta de oportunidades vê muitos jovens a desistir por completo da sua procura por emprego.
Lidar com o desemprego é difícil para todos. Mas para os jovens pouco qualificados - especialmente aqueles que deixaram a escola sem qualificações – o fracasso de encontrar um primeiro emprego ou mantê-lo por muito tempo pode ter consequências negativas a longo prazo nas suas perspectivas profissionais - um fenómeno que alguns especialistas referem como sendo "assustador".
O desemprego jovem e os seus efeitos devastadores são particularmente prevalecentes nas Economias Desenvolvidas e na União Europeia, bem como no Médio Oriente e Norte de África.
Nestas regiões, as taxas de desemprego jovem continuaram a subir desde 2008; atingindo um crescimento total de 24,9 por cento nas Economias Desenvolvidas e União Europeia entre 2008 e 2012, e fixando-se em 18,1 por cento em 2012, a mais alta de sempre em décadas.
As projecções actuais prevêem que a taxa de desemprego jovem nas Economias Desenvolvidas e da União Europeia não desça abaixo de 17 por cento antes de 2016.
O desfasamento entre as qualificações/educação e o emprego é o principal responsável para o desemprego jovem na UE.
O relatório demonstra que tanto a oferta e a procura de qualificações, como o desfasamento entre as qualificações que os jovens possuem e as exigidas nas suas funções, desempenham um papel significativo na incapacidade do nosso país em conter as crescentes taxas de desemprego jovem.
Nas economias avançadas como a nossa, as evidências mostram que há um maior risco de desfasamento para aqueles que se encontram na base da pirâmide educacional, que se reflete em taxas de desemprego relativamente elevadas para os menos qualificados, em comparação com os altamente qualificados.
Evidências em economias avançadas demonstram também que os jovens (15-29 anos) estão de longe mais expostos à sobrequalificação do que os trabalhadores com idade igual ou superior a 30 (esta parcela aumentou em 1,5% entre 2002 e 2010, e depois +1,4% nos últimos 2 anos), e têm uma menor probabilidade em possuir uma escolaridade insuficiente.
Jovens altamente qualificados estão cada vez mais a aceitar funções para as quais são sobrequalificados, o que significa que os menos qualificados dão por si no fim da fila, mesmo para aquelas funções para as quais têm as qualificações mais adequadas.
O que é necessário fazer para combater as múltiplas causas do desemprego jovem?
O relatório apela aos governos, com o envolvimento de empresas e sindicatos, para continuarem a concentrar-se em medidas de custo-benefício para os jovens durante a recuperação. Algumas recomendações para as áreas de foco para 2015 incluem:
- Programas de assistência de procura de emprego - uma solução de custo-benefício que apoia os jovens que são considerados como disponíveis para trabalhar;
- Extensões temporárias da rede de segurança - vital para prevenir a pobreza entre jovens desempregados;
- Aprendizagem e outros programas duais de Ensino e Formação Profissional (EFP) - que aparecem para facilitar uma articulação eficaz entre a escola e o trabalho, particularmente para estudantes do ensino secundário.
Enquanto isso, os jovens (apoiados pelo sistema de educação) devem-se concentrar na aquisição de competências que os mercados de trabalho de hoje procuram, como proficiência em TI e qualificações técnicas básicas.
Facilitar a transição da escola para o trabalho e melhorar as perspectivas do mercado de trabalho para todos os jovens são duas questões que devem permanecer no topo das agendas políticas em todos os países da OCDE.
Este artigo foi publicado pela primeira vez em : www.randstad.co.uk