Desde tenra idade que desenvolvi uma capacidade inocente de me deslumbrar com as pessoas. O quão fascinante era para mim observar todas as interações sociais que, numa fase inicial, eram absorvidas de uma forma totalmente inconsciente e que hoje se destacam, por terem sido, em grande parte, fundamentais para o desenvolvimento da minha personalidade e da forma como me posiciono perante tudo o que me rodeia.
Não creio que existam fórmulas ou teorias perfeitas. Todos nós somos impactados por estímulos que nos influenciam mais ou menos, consoante o momento ou contexto em que nos encontramos. No entanto, todas essas experiências acabam por gerar um registo no nosso subconsciente e que, muito provavelmente, serão impactantes nas decisões que tomaremos no futuro.
Hoje, percebo a importância que tem o momento em que fazemos as primeiras perguntas e, acima de tudo, aquilo que foram as primeiras respostas e reflexões sobre as mesmas. O impacto que têm as primeiras autoavaliações, as primeiras decisões que tomamos connosco mesmos, as primeiras correções que levamos a cabo de determinados comportamentos.
Considero-me um sortudo, não só por ter tido as melhores pessoas à minha volta, mas também por tudo o que pude experienciar de bom e menos bom, a forma como isso me fez evoluir e tornar alguém diferente, que acredito, melhor.
Isto leva-me a questionar - todos os dias - a forma como devemos ser exemplo para todos os que nos rodeiam. Não tanto por aquilo que queremos representar para eles mas, mais importante, pelo impacto que as nossas ações, opiniões ou questões podem ter no seu desenvolvimento.
Quantas pessoas quererão, a determinada altura, ser como nós? Quantas vezes quis/quero eu ser como tantas outras pessoas? Esta vontade de seguirmos o caminho que alguém já traçou faz de nós pessoas mais ambiciosas, mais confiantes do que queremos ser, mais aptas a sair da nossa zona de conforto, em busca de novos conhecimentos e novas conquistas, mais dispostas a correr o risco de errar por tentar, com mais força de nos reerguermos depois de cair, ou a constatar, em último caso, que esse nem sempre é esse o caminho correto, mas que nos fez chegar a outro patamar de consciencialização, de livre arbítrio.
Vamos assim construindo o nosso ADN, que se torna cada vez mais próprio. Percebemos que, pelo caminho, a “mira” fica cada vez mais afinada e focada nesta tarefa árdua que é a busca do nosso propósito, de quem realmente queremos ser e para onde queremos caminhar. Com isso, aumenta a exigência que devemos ter connosco, na missão de plantarmos as melhores sementes para que outros as possam colher e quiçá alimentarem-se dos seus frutos.
É esta a responsabilidade que não devemos ter medo de assumir, é esta quase que ousadia de querermos e devermos ser parte integrante do desenvolvimento intelectual dos que nos rodeiam, com o intuito de dar continuidade a algo que nos ultrapassa e é maior que nós.