Cerca de dois terços (68%) dos responsáveis de Recursos Humanos (RH) pretendem adoptar o teletrabalho de forma estrutural, mesmo depois da pandemia. A ideia da maioria é avançar para um regime misto, de complementaridade, revela o Barómetro RH 2020/21, do Kaizen Institute.
Destas 68%, 86% planeiam manter dois ou mais dias de trabalho remoto por semana, revela o estudo que teve por base um inquérito a 150 directores de RH de grandes e médias empresas nacionais. Ainda que a maioria das empresas pretenda adoptar um regime misto, 85% não paga ajudas de custo aos colaboradores em teletrabalho e somente 8% está a pensar fazê-lo. Já 30% dos inquiridos afirmam que o teletrabalho deixará de ser opção assim que as condições sanitárias o permitam.
Entre os dois maiores desafios do teletrabalho, os directores de RH identificaram a falta de garantia de comunicação eficiente e clara (71%) e a dificuldade de adaptação dos standards e protocolos de trabalho aos novos padrões como outra das questões mais complexas (47%).
Sobre a capacidade de adaptação das empresas, 44% afirma que o grau de alinhamento das competências digitais dos colaboradores é médio, havendo um plano de treino e recrutamento definido para acompanhar o barco da transformação digital. Por outro lado, 38% dos inquiridos garantem que os seus colaboradores estão dotados das competências digitais necessárias.
O Barómetro RH 2020/21 revela ainda que as prioridades das empresas no que toca aos recursos humanos se alteraram. A preparação do colaborador para diferentes cenários no médio e longo prazo (44%) e a melhoria das condições de segurança, higiene e saúde no trabalho (39%) são agora as prioridades. Antes da pandemia, eram a retenção de talento (53%) e a contratação de novos profissionais (45%) que surgiam como prioritários na agenda de Gestão de Pessoas.
Apesar do contexto, 55% dos directores de RH afirmam que a motivação dos trabalhadores se manteve estável nos últimos 6 meses e 24% identificaram até um aumento do nível de motivação dos seus colaboradores. Relativamente à produtividade, 68% partilha que, no mesmo período, este indicador se manteve estável, enquanto 22% refere que esta até aumentou.
Quanto à expectativa da eficiência das equipas em teletrabalho no primeiro semestre de 2021, 70% dos inquiridos acreditam que a eficiência dos colaboradores em regime de teletrabalho será equivalente (39%) ou superior (31%) à registada num cenário pré-Covid. Mas 30% considera que a eficiência será menor.
No que respeita ao recrutamento, constata-se que uma das principais mudanças está ligada à digitalização. A maioria das empresas (53%) já tinha uma componente digital nos seus processos, sendo que nestas empresas a grande maioria do processo de recrutamento é agora feito online. Somente 19% mantiveram os seus processos de recrutamento inalterados.
O estudo do Kaizen Institute concluiu ainda que, apesar da actual crise e do impacto negativo que se sente de forma transversal nos mercados, 69% das empresas esperam aumentar a sua massa salarial no primeiro trimestre de 2021. Destas, 34% antecipam aumentos de até 2%; 29% estimam um aumento entre 2% e 5%, e 6% preveem um aumento superior a 5%.