Os seres humanos contam histórias desde o tempo dos primeiros Neandertais que descreveram (e provavelmente exageraram) as suas proezas de caça em torno de uma fogueira. Não só era imperativo ser um excelente caçador, como era ainda mais importante fazer com que todo o clã acreditasse que o era, caso contrário os seus dias como líder do clã eram limitados. A sua própria existência dependia da capacidade de grunhir a sua história da forma mais envolvente e convincente possível.
Não são palavras que normalmente associamos à caça de tigres dentes de sabre. Mas definitivamente, palavras que usamos quando falamos em vender-nos e fazer com que os outros - especialmente as pessoas que contratam - nos ouçam, e se envolvam connosco. E, idealmente, para nos oferecer a posição que pretendemos, a carreira para a qual treinámos ou o aumento que queremos.
como é que o storytelling tem impacto no sucesso da entrevista?
As histórias que conta sobre si mesmo, e a forma como as conta reforçam sua marca pessoal e estabelecem uma representação tridimensional da pessoa que demonstra ser no seu currículo.
É importante compreender que não estamos a falar de contar histórias como um exercício de ficção. Muito pelo contrário, está a pegar em factos reais e a criar ligações para que a sua história de trabalho, educação, comportamento e personalidade sejam interpretadas de forma coesa para convencer um entrevistador do valor único que você traz para o trabalho. A sua narrativa liga os pontos - os detalhes da sua vida profissional - que dizem a um potencial empregador que você não é apenas a pessoa certa para o trabalho, é a única pessoa para o trabalho.
Você é o herói da sua própria história: a capacidade de criar uma narrativa convincente tem esse tipo de poder.
Você tem a oportunidade de construir a história das suas competências e experiência para que seja alinhada com os requisitos do trabalho e da empresa. Como fazer isso? Depende do que acontecerá durante a entrevista, quando lhe são feitas perguntas como: "Fale-me de uma altura em que...", ou "Qual foi o seu maior desafio e como o superou?". As suas respostas devem narrar a forma como lidou com situações, experiências ou projectos semelhantes aos que poderá encontrar na nova função. Você persiste ou desiste? Lidera ou desaparece na multidão? Consegue comunicar claramente? É aí que precisa de recorrer a algumas boas histórias do seu reportório.
Contador de histórias? Eu?
Não precisa de ser o próximo Ernest Hemingway, ou mesmo um contador de histórias natural. Só tem de adquirir algumas habilidades. E quanto mais o fizer, mais confortável será. A forma como contará as suas experiências dependerá da sua personalidade e do seu estilo pessoal. Não falsifique - deixe o seu estilo de contar histórias reflectir as melhores partes da sua personalidade.
Imagine o impacto que terá durante reuniões, apresentações, situações de networking, e com os seus colegas de trabalho, para não falar da confiança que irá desenvolver. E quem não gostaria de sentir-se mais confiante no seu trabalho?
Aqui estão algumas dicas para o ajudar a tornar-se o mais procurado contador de histórias:
prepare a sua história
Isto é importante porque todos - mesmo os mais experientes contadores de histórias - ficam nervosos em situações de entrevista.
Certifique-se que conhece os destaques do seu currículo, pesquise a empresa para a qual está a ser entrevistado e pense em como conectar a sua experiência com o papel. O objectivo é que o entrevistador o veja como a solução para o um problema.
Seja breve e directo. Depois de conseguir captar a atenção, não a perca por vaguear. A sua história não deve demorar mais do que três minutos a ser contada.
Faça uma lista e pratique - em voz alta, em frente a amigos ou familiares, ou num espelho - até conseguir criar um padrão e um ritmo de fala com os quais se sinta confortável. A importância de ouvir a sua própria voz em voz alta não pode ser subestimada. É assim que se aprende a ter respostas na ponta da língua.
crie estrutura
Todas as boas histórias, livros ou roteiros têm um começo, meio e fim, conflito e resolução. Talvez não por essa ordem, mas todos estão lá. Chama-se um arco narrativo. Na sua história, é o herói que passa por uma viagem de descoberta através de desafios e demonstrações de carácter, até à resolução. E as histórias que conta devem mostrar o seu próprio desenvolvimento e progresso. Quanto mais alto for o risco, mais emocionante será a história.
Escreva a sua história em quatro ou cinco frases (pode embelezar mais tarde). Aqui estão algumas etapas cruciais a recordar:
- uma introdução que define a cena - localização, cenário, tempo, as personagens
- introdução do conflito - um problema que requer acção, o que está em jogo
- construir um clímax - desafio crescente, como o problema foi resolvido
- a resolução - resolver a tensão criada pelo conflito
- o fim - o tema ou moral, reforça o sentido da história, o que você quer que o ouvinte tire da história
conte a sua história
- Ouça atentamente na entrevista para que dê a resposta correcta à pergunta apropriada.
- Mostre entusiasmo quando estiver a contar histórias. Está a dar sugestões às pessoas sobre a forma como elas devem responder-lhe.
- Seja flexível. As perguntas da entrevista podem ser muito diferentes.
- Seja positivo. Mesmo que a pergunta seja negativa. O seu trabalho é dar a volta por cima, arrancar a vitória das mandíbulas da derrota.
- Deixe a sua personalidade brilhar. Lembre-se, eles também estão avaliando se é ou não alguém com quem querem trabalhar.
como saberei se o meu storytelling transmitiu a mensagem que queria?
Você conseguirá perceber se as pessoas estão interessadas na suas conversa ou quando não estão. Ou mantêm contato visual ou desviam o olhar. Sentam-se quietas ou mudam de posição inquietas. Estão a fazer anotações ou estão a rabiscar nas margens.Fazem perguntas ou mudam de assunto. Ou pior, verificam os seus telemóveis.
Quando você conta histórias que ressoam e têm impacto, eles - e você - serão memoráveis. E contratados!
fonte: randstad canada