Na Bee Enginering acredita-se que as pessoas são o maior valor, pois «são elas que mantém a cultura viva e conduzem aos resultados alcançados pela empresa. Cada elemento que se une à equipa, multiplica a riqueza da colmeia.»

Em entrevista, Sandrina Salvado, head of Human Resources na Bee Engineering, explica como o concretizam e como dão resposta aos principais desafios que enfrentam.

 

Como tem evoluído a actividade, e os desafios, da Bee Engineering em Portugal?



A actividade da Bee Engineering em Portugal tem evoluído positivamente, com o crescimento substancial de oferta, parceiros e colaboradores, desde 2013, ano em que se implementou no nosso país com a vertente de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Alcançámos os 5M€ de facturação em 2018. O desenvolvimento constante levanta-nos desafios que se prendem com a necessidade de termos uma forte capacidade de readaptação e de reorganização. Só assim conseguimos criar uma base forte e sustentável para o futuro. Procuramos definir estratégias para que o know-how especializado dos nossos colaboradores seja cada melhor e mais reconhecido.

 

Actualmente, quais são os principais desafios, quer para o sector onde actuam, em geral, quer para a vossa empresa, em particular?



Um dos maiores desafios que enfrentemos é a falta de candidatos disponíveis no mercado, com as competências certas para a exigência das funções. Nos últimos anos, os cursos ligados à área tecnológica, em particular de Tecnologias de Informação, têm captado um número crescente de estudantes, mas ainda assim insuficiente para um país que lidou nos últimos anos com a maior vaga de emigração qualificada da sua história.

É também um sector onde tudo muda muito rapidamente – tecnologia, equipas, pressupostos, requisitos de projecto – o que impõe às organizações a necessidade de serem extremamente ágeis a “ler o mercado” e adaptarem-se ao mesmo. Para a Bee Engineering, em particular, um dos desafios constantes é conseguir responder aos desafios dos clientes com uma oferta que lhes permita serem melhores, fazer mais e evoluir. Procuram, obviamente, o melhor investimento com o máximo de retorno possível.

O maior desafio que enfrentamos é o de estabelecer um modo de actuar num mercado cada vez mais competitivo, respeitando sempre os nossos valores base de Honestidade, Lealdade e Exigência mas, ainda assim, oferecendo o melhor serviço ao nosso parceiro. Existem ainda os desafios tecnológicos, mas esses são a nossa paixão e abraçamo-los com gosto, empenho e dedicação.

 

O que definem como prioritário, em termos de negócio?

No curto prazo, estamos a capitalizar a consolidação registada no ano passado. Em 2019, estabelecemos como prioridades reforçar a nossa presença internacional, afirmando-nos em países de mercados EMEA, com serviços de TIC, tanto em regime local como em nearshore; consolidar a operação no Norte de Portugal, a partir do espaço central do Porto; afirmar o nosso know-how em Gamificação e expansão da vertente de Game Development; estabelecer uma divisão de produtos baseada num ecossistema já existente, beneficiando do investimento em R&D e da criação de soluções próprias; e aumentar o número de formandos nas Bee Academy, estreitando ligações com novos talentos formados em  faculdades ou escolas tecnológicas.

 

Qual a importância da área da Gestão de Pessoas na resposta a essas prioridades?

A estratégia da Gestão de Pessoas da Bee Engineering está alinhada com a formalização de negócio. O nosso foco é desenvolver os colaboradores, transmitir e partilhar conhecimentos em áreas específicas e responder às necessidades de clientes e parceiros. As pessoas são o nosso maior valor, pois são elas que mantém a cultura viva e nos conduzem aos resultados. Os desafios que temos pela frente estão relacionados com a velocidade a que crescemos. Cada elemento que se une à equipa multiplica a riqueza da colmeia.

Em Abril a Bee Engineering assinou a Carta Portuguesa para a Diversidade, consciente de que a cada ano que passa as práticas de inclusão no recrutamento são mais importantes numa empresa cada vez mais diversa.

 

Neste âmbito, que prioridades assumem? Quais os pilares estratégicos da vossa política de Recursos Humanos?

Um dos pontos fulcrais da nossa empresa é a formação. É a base do desenvolvimento das competências e do know-how dos colaboradores. É a chave do sucesso na gestão dos nossos dias e onde temos investido mais. O nosso centro de formação disponibiliza formações em várias áreas: técnica, comportamental, gestão e línguas. No último ano foram realizadas cerca de 5400 horas de formação, traduzidas em acções quer de carácter técnico, especializado e certificado, quer transversais a todas as equipas.

 

A escassez de talento é um desafio transversal aos diversos sectores de actividade, mas principalmente no vosso.  Como estão a dar resposta a esta realidade?

Hoje em dia, a atracção e retenção de talento são questões que preocupam cada vez mais as empresas neste sector. O recrutamento está num período de transformação e temos que ter capacidade de nos adaptar a estas mudanças.  Na Bee Engineering, apostamos numa cultura organizacional inclusiva e inovadora. Para além disso, investimentos em estratégias bem definidas para que os nossos colaboradores se sintam motivados e comprometidos com a empresa.

A gestão de talento é hoje umas das nossas prioridades e é a chave para atrair os melhores talentos no mercado. A aposta na formação das nossas equipas ou de juniores que integramos na estrutura é uma das estratégias utilizadas.

A ideia de que a tecnologia é para perfis masculinos ainda persiste? Por que acha que isto acontece, ou seja, por que é que 87% dos estudantes em Portugal, nesta área, são do sexo masculino?

Existem menos mulheres do que homens a trabalhar nas empresas do sector tecnológico em todo o mundo. Os motivos são vários. Um recente artigo da comunidade Women in Tech aponta a falta de modelos para as mulheres nesta área, o que se fica a dever sobretudo ao estereótipo de género em que os rapazes são melhores em ciência e matemática.

Os números mostram ainda que existem menos mulheres a estudar nesta área, seja nas escolas ou nas universidades, o que significa que as empresas têm menos mulheres para recrutar. Mais uma vez, tal pode ficar a dever-se à falta de modelos femininos neste sector para que as jovens possam inspirar-se e seguir os seus passos. Contudo, está a tentar inverter-se essa tendência.

 

Que reflexos isso tem para as empresas?

Captar mais mulheres para o setor das TIC seria benéfico para contrariar a falta de profissionais e, consequentemente, contribuir para impulsionar o crescimento da economia portuguesa e europeia. Estas são algumas das mais-valias da entrada de mais mulheres no sector digital e tecnológico. É fundamental educar as empresas para melhor promoverem, reterem e contratarem mulheres, e consciencializar sobre a importância da igualdade de género e diversidade. 



O que se pode/ deve fazer nesse sentido?

Nas empresas, a questão não está na diferença de género, mas sim na igualdade de oportunidades entre mulheres e homens. Na cultura da Bee Engineering a diversidade é algo que nos enriquece e nos torna mais competitivos. É com imenso orgulho que hoje verifico que há cada vez mais mulheres a trabalhar em tecnologia. Começamos a notar que o mercado das TIC está em transformação. Acreditamos que o “gap” que ainda existe tem os dias contados. A forte procura de talento neste mercado, aliada aos diferentes programas para atrair mulheres para as instituições de ensino superior, juntamente com a mudança de mentalidades, estão a dar os primeiros frutos para trazer mais equilíbrio de géneros no mundo da tecnologia.

 

Que evolução já nota neste âmbito?

Cerca de 20% da nossa equipa de programadores são mulheres. Além disso, temos recebido cada vez mais candidaturas de profissionais do sexo feminino, e, no recente Open Day que organizamos em Lisboa, mais de 50% das inscrições foram feitas por mulheres.

 

Em 2013 a Bee Engineering escolheu Portugal para desenvolver o seu centro de competências em Engenharia dos Sistemas de Informação. O que justifica esta aposta?

A escolha de Portugal recaiu na estratégia de diversidade geográfica e de actividade do nosso grupo. Apesar de ser um ano de plena crise, estavam reunidas em Portugal as condições de sucesso, nomeadamente, uma equipa que conhecia bem o mercado tecnológico e a certeza de estarmos num país onde a competência técnica é, em geral, muito boa na área das tecnologias.

Arrancar a actividade num ano como o de 2013 foi igualmente estratégico, pois, apesar do risco, assegurou que estivéssemos mais cedo no mercado face a outros possíveis concorrentes, que aguardavam a subida da economia para iniciar a actividade.

 

O que torna Portugal atractivo, quer para empresas, quer para os talentos?

Existem muitos e variados factores que tornam Portugal atractivo para as empresas, desde a sua geografia, proximidade cultural relativamente a toda a Europa, conhecimentos de línguas existentes de uma forma global na maioria da nossa população e, fundamentalmente, a forte competência técnica.

Ainda que possa existir competitividade financeira face aos países de Norte da Europa, hoje em dia as empresas que escolhem Portugal não o fazem à procura de um serviço de valor monetário mais baixo, mas sim de uma polivalência cultural das equipas e capacidade de resposta assertiva e competente dos seus profissionais. Este factor assegura o sucesso das organizações nos seus projectos e, consequentemente, o seu crescimento.

 

Quais as competências que privilegiam nos vossos colaboradores?

Para responder aos desafios da era digital, para além das tech skills, são exigidas outras competências aos candidatos. Precisamos de pessoas com soft skills orientadas para a inovação, polivalência de funções, visão estratégica e que saibam trabalhar em equipa. Acreditamos que ter colegas de excelência faz toda a diferença.

 

Que grandes desafios, e que tendências, perspectivam em termos de Gestão de Pessoas?

Temos consciência de que a revolução tecnológica está a acontecer e o perfil dos colaboradores está a mudar. O desafio é adaptar-nos aos novos tempos, percebendo e sabendo integrar as novas gerações.  Consideramos que a diversidade é uma mais-valia e temos que conseguir harmonizar as diferenças. Assim, é tempo de repensar a nossa forma de olhar para o trabalho. Temos que criar novas ferramentas/processos à luz deste novo mundo e, acima de tudo, envolver as pessoas nas tomadas de decisão. A diferença parece-me estar na forma como cada empresa recebe e acolhe aqueles que atraiu para junto de si, e que experiências lhe consegue proporcionar.

O nosso foco é desenvolver os colaboradores, transmitir, partilhar conhecimentos em áreas específicas e responder às necessidades do negócio. Queremos, acima de tudo, que as pessoas possam crescer e serem uma referência nos projectos que desempenham.

 

O que considera imprescindível, hoje em dia, para uma empresa ser competitiva?

Para nós, é imprescindível, centrar-nos na capacidade de inovação e de proporcionar uma verdadeira evolução na carreira das pessoas. É preciso ter capacidade de prever e adaptar-se às mudanças e às novas exigências do mercado, de forma a realinhar processos, investir em áreas específicas, tecnologias, serviços, produtos ou mesmo mercados.

E, sem dúvida, é fundamental conhecer bem os nossos colaboradores, o que os motiva, comunicar com eles e entender o verdadeiro valor que podem ter para o negócio e consequente crescimento. Por outas palavras, é essencial ter colaboradores com um grande compromisso com a empresa.