«As tendências de pesquisas do Google trazem um retrato dos interesses dos portugueses neste ano, que se mostraram particularmente curiosos por saber “o tempo para amanhã”», revelou o motor de pesquisa.
Ainda na lista de assuntos gerais, o futebol voltou a marcar destacar-se nas pesquisas, com a atenção a recair sobre o Euro 2020, o Benfica e o Sporting — que se sagrou campeão 19 anos após a última conquista. Mas claro que o contexto de pandemia também se reflete nas pesquisas dos portugueses. «O certificado digital foi um dos principais assuntos, e a Covid-19 levou a perguntas sobre como obter o certificado digital Covid, como agendar a vacina, medidas de confinamento e desconfinamento e o número de casos diários em Portugal.»
No que respeita a lazer, o Google avança ainda que Sintra e Aveiro foram duas cidades alvo de bastante curiosidade por parte dos turistas do nosso país» e, no entretenimento, o Big Brother ocupou o lugar do topo entre os programas de TV mais populares nas pesquisas do Google, com as séries Squid Game e Bridgerton a ocuparem também lugar de destaque.
«Nas notícias, os acontecimentos no Afeganistão, os resultados nas bolsas e a vacina Covid-19 figuram entre os principais interesses a nível mundial.»
E no dicionário?
Entre as palavras que definiram 2021, continuam a ser muitas as que se referem, diretamente ou indiretamente, à pandemia COVID-19, como (as)síncrona, comorbilidade, obscurantismo e, claro, ómicron. » O dicionário online Priberam e a agência Lusa uniram-se pelo quinto ano consecutivo para selecionar as palavras mais pesquisadas no dicionário, e que ilustram o ano que está a terminar, selecionando 24 palavras entre 200.
Este ano, «da lista de palavras que, em algum momento, estiveram em destaque na nuvem do Dicionário Priberam, a mais pesquisada foi genocida, motivada por protestos contra o presidente brasileiro» Jair Bolsonaro.
O site está estruturado por ordem cronológica, de Janeiro a Dezembro, e cada palavra permite aceder diretamente ao seu significado no Dicionário Priberam e ao artigo da Lusa sobre o evento que motivou as pesquisas.
«Se, ainda em ano pandémico, já começam, felizmente, a rarear as palavras com ele relacionadas, abundam aquelas que nos sobressaltaram, desde o aneurisma que vitimou Carlos do Carmo, ao suposto mercadejar com o qual o juiz Ivo Rosa qualificou a atividade de José Sócrates, à chacina no Rio e... como não, à vitória dos leões de Alvalade ou ao obscurantismo dos negacionistas», disse, a propósito da iniciativa, a diretora de Informação da Lusa, Luísa Meireles.
O diretor executivo da Priberam, Carlos Amaral, salienta que «O Ano em Palavras», «mais do que qualquer termo isolado, ajuda a compreender o que foram os 12 meses anteriores, definido pelos eventos que mais marcaram os utilizadores do dicionário».
Mês a mês
Aneurisma e capitólio foram as palavras que definiram Janeiro, mês em que morreu o fadista Carlos do Carmo, vítima de aneurisma, e em que apoiantes de Donald Trump invadiram o capitólio.
(As)síncrona e glaciar marcaram Fevereiro, mês em que recomeçaram em Portugal as aulas à distância, síncronas e assíncronas, e em que o colapso de um glaciar nos Himalaias provocou vários mortos e desaparecidos.
Em Março, quando o ex-presidente brasileiro Lula da Silva voltou a ser elegível e morreu o jogador luso-cubano de andebol Alfredo Quintana, cuja cerimónia decorreu no tanatório de Matosinhos, as palavras em destaque foram elegível e tanatório.
Consorte e mercadejar marcaram o mês de Abril, em que morreu Filipe, o príncipe consorte da rainha de Inglaterra Isabel II, e quando foi conhecido o despacho de pronúncia da Operação Marquês, no qual o juiz Ivo Rosa refere indícios de que o ex-primeiro-ministro José Sócrates terá mercadejado com o seu cargo.
Em Maio, uma operação policial numa favela do Rio de Janeiro e o facto de o Sporting ter vencido o campeonato português de futebol, ao fim de 19 anos, deram destaque às palavras chacina e leões.
Emaciado e genocida foram as palavras selecionadas em Junho, mês em que na TV pública da Coreia do Norte foi transmitido um comentário sobre o aspeto emaciado do líder do país, Kim Jong-un, e em que, num protesto contra Jair Bolsanaro, os manifestantes gritam «Fora, genocida».
Julho, mês em que a Direcção-Geral da Saúde aprovou a vacinação de crianças a adolescentes entre os 11 e 15 anos com comorbilidades e arrancaram os Jogos Olímpicos em Tóquio, fica marcado por comorbilidade e olimpíada.
Obscurantismo e talibã são as palavras escolhidas em Agosto, mês em que o coordenador do plano de vacinação, Gouveia e Melo, reagiu a insultos de manifestantes anti-vacinas dizendo que «o obscurantismo no século XXI continua», e em que os talibãs retomaram o controlo de Cabul.
O velório do antigo presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio e a entrada em erupção do vulcão das Canárias fizeram de câmara-ardente e erupção as palavras em destaque em Setembro.
Em Outubro, o chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022, na Assembleia da República, e a mudança de nome da empresa Facebook para Meta, colocaram chumbo e meta entre as palavras mais pesquisadas.
Descarbonização e miríade marcaram Novembro, com o aumento dos custos de energia a ditar um possível adiamento dos investimentos em descarbonização e a operação policial Miríade, que investiga suspeitas de tráfico de droga, ouro e diamantes, por militares portugueses.
Por fim, Dezembro, fica marcado por ómicron, a nova variante do coronavírus que provoca a COVID-19, e extradição, do ex-banqueiro João Rendeiro, pedida por Portugal à África do Sul.
Este ano, destacaram-se ainda, nas pesquisas, palavras como marquise, geringonça, calceteiro, demagogia, persecutória, contumaz, indulto, sibilino, offshore, pansexual, prequela e resiliência.