Tudo começou com um projecto académico de final de curso do qual ninguém gostava muito, 1125 euros e nenhuma experiência profissional. Hoje, a Science4you, empresa 100% portuguesa, dedicada ao desenvolvimento, produção e comercialização de brinquedos educativos e científicos, fundada por Miguel Pina Martins há dez anos, está presente em mais de 60 países e prestes a entrar na bolsa.
Fundou a Science4you há uma década. Quais os principais desafios, nestes dez anos? Desde logo, fazer as pessoas acreditar e investir no seu projecto de curso, não?
Os desafios foram evoluindo com as necessidades que acompanharam o crescimento da empresa ao longo destes dez anos. Desde os primeiros investidores, aos primeiros retalhistas, às primeiras lojas próprias da Science4you, a internacionalização e o crescimento da equipa, da fábrica e da linha de brinquedos, foram desafios com os quais nos fomos deparando e tentando sempre encontrar a melhor solução. Temos feito um bom trabalho e acredito muito que os próximos anos continuarão a ser muito positivos para o percurso da Science4you.
A nível de negócio, quais foram os principais marcos?
São muitos mas, nos últimos anos, penso que a mudança da fábrica e escritório para o MARL foi importante no sentido em que nos deu as condições que precisávamos para continuar a escalar a produção de brinquedos para todo o mundo e, também, manter a equipa reunida e em sintonia, desde a equipa responsável pelo desenvolvimento dos brinquedos, à produção, marketing e recursos humanos.
E como tem sido a expansão internacional? Qual foi a vossa grande conquista neste âmbito?
A entrada na Polónia foi importante para a Science4you, embora na Europa seja relativamente pequeno em comparação com outros mercados como França ou Alemanha. Para nós, acaba por ser o quarto país, demonstrando que, mesmo em países pequenos, conseguimos ter uma implementação da marca muito boa.
A principal aposta agora é a entrada na Bolsa. O que o levou a dar este passo?
Percebemos que a empresa estava no estágio de maturidade certo para dar este passo. Esta operação vai permitir dar maior visibilidade e credibilidade à empresa, precisamente numa importante fase de internacionalização, constituindo também um marco importante e uma nova etapa da empresa dez anos após ter sido lançada.
O que espera alcançar?
O nosso objetivo é conseguir dotar a empresa de uma estrutura de financiamento mais diversificada, sobretudo ao nível do capital, adequada à continuação da sua expansão e criação de valor para os accionistas.
Quais são agora os principais desafios para a Science4you, para além da IPO (Initial Public Offering)?
Nos próximos anos, acredito que o desafio estratégico passa mesmo pela consolidação do negócio nos principais mercados internacionais.
Centrando-nos agora na sua equipa, como foi a evolução nestes dez anos?
A equipa cresceu muito ao longo dos anos. Começou com uma única pessoa, eu, que acabava por desempenhar várias tarefas na Science4you. Mas, com as necessidades de crescimento, começámos a contratar mais elementos com conhecimentos específicos para o que precisávamos. Todos os anos sentimos uma grande evolução no que se refere ao crescimento da equipa, com departamentos cada vez maiores, e com uma maior e melhor organização. Hoje somos mais de 400 pessoas – na época do Natal sempre com um reforço necessário para dar resposta aos pedidos que chegam de todo o mundo.
Neste âmbito, quais têm sido os principais desafios?
O nosso objetivo tem sido sempre conseguir proporcionar aos colaboradores um crescimento na carreira que seja proporcional ao crescimento da empresa. Existem várias pessoas que estão na Science4you praticamente desde o início, sendo que é fundamental dotar esses profissionais de ferramentas que lhes proporcionem o crescimento e evolução nas tarefas e responsabilidades que têm na empresa.
Quais as prioridades na Gestão de Pessoas? É o Miguel que tem esta responsabilidade?
Atualmente, contamos com um departamento de Recursos Humanos com uma área totalmente dedicada à Gestão de Pessoas. Como líder da Science4you, acredito que tenho a responsabilidade de dar o exemplo a todas as pessoas, independentemente da hierarquia ou função que desempenhem.
Qual a importância estratégica que esta área assume?
É tão importante como qualquer outra área da empresa. São as pessoas que fazem as empresas e a Science4you não teria a dimensão que tem hoje sem o esforço e dedicação dos profissionais que ao longo destes dez anos contribuíram para este sucesso.
Para assinalar os dez anos da Science4You, vai lançar um livro sobre "Como transformar um trabalho de curso num negócio de milhões". Quais as mensagens essenciais que quer passar?
É um livro que já estava idealizado há algum tempo e acreditámos que a celebração dos dez anos seriam o momento ideal para concretizar a ideia. No livro, tento inspirar futuros empreendedores e mostrar que do nada é possível fazer uma empresa com alguma dimensão, pois no meu caso tudo começou com 1125 euros, um projeto final de curso do qual ninguém gostava muito e praticamente nenhuma experiência profissional. Com a equipa certa, esforço e dedicação, conseguimos chegar a bom porto. Espero que este livro leve uma mensagem de optimismo e de confiança a todos os que sonham criar um negócio próprio.
Ainda se lembra de como surgiu a ideia de criar uma empresa de brinquedos educativos?
Sim, claro que sim! Tudo começou no meu projecto académico de final de curso no ISCTE e uma parceria que existia com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). Os alunos do meu curso tinham de criar planos de negócio para projectos de ciência. Na altura ninguém gostou muito do que nos saiu literalmente na ‘rifa’ – Kits de Física. Mas valeu a pena não termos desistido.
Miguel Pina Martins, fundador e CEO da Science4you