O Natal é, por tradição, a altura do ano do reencontro, da família, dos amigos, dos jantares e dos serões à lareira. O momento em que todos relaxamos da azáfama da preparação, das compras, dos postais, das vistas, dos jantares e dos amigos secretos. Nas empresas, também ficam as histórias dos jantares, de um ou outro excesso que só é permitido nesta época. Quem não tem uma boa história que começa por “lembras-te daquele jantar de natal? Aquele em que o Santos da contabilidade apareceu vestido de Pai Natal.”?
Contudo, mais que os jantares, o Natal deve também ser uma altura de reflexão. A proximidade ao final do ano convida ao balanço. Perceber se o caminho percorrido ao longo dos últimos 12 meses é coincidente com a rota traçada no início da viagem, se os atalhos e as decisões que fomos tomando em cada cruzamento foram os que mais nos cortaram caminho, ou se, pelo contrário, as decisões poderiam ser outras e os resultados atingidos também diferentes. Muito se tem falado que o Mundo está cada vez mais “VUCA,” que a volatilidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade, mais do que nunca, aumentam o desafio em cada decisão. Mais do que “VUCA”, o mundo está mais rápido. O ano continua a ter os mesmos 365 dias, só que a velocidade com que tudo acontece chega a ser alucinante. Tal como no desporto, o mundo das organizações começa a ser disputado ao segundo. A precisão e a capacidade de decidir de forma rápida e precisa, garantindo a agilidade na implementação das decisões, são fatores críticos de sucesso, que, a todos os momentos, nos afastam ou aproximam dos clientes, do talento, da concorrência e, consequentemente, do sucesso. Num jogo de futebol, a decisão de rematar à baliza ou passar é tomada em milésimos de segundo, não é possível consultar o treinador em cada ação e não é por não chegar ao golo que a decisão foi errada. A tática e a estratégia de jogo são definidas na preparação e todos sabem qual o papel que desempenham dentro de campo, todos conhecem a respetiva missão, e isso facilita a tomada de decisão.
Todos os dias cada um de nós toma, em média, entre 400 a 1000 decisões, muitas são tomadas em contexto profissional, afetando, com maior ou menor impacto, a estratégia e os objetivos definidos. Torna-se por isso de extrema importância conseguirmos, enquanto organização, uma definição clara e simples da estratégia e do propósito, do motivo maior pelo qual a empresa existe. É na combinação entre o propósito e a estratégia que deve ser encontrado o manual da decisão. Se toda a organização compreender a estratégia e conhecer o seu propósito, e pensar nestes dois pontos em cada decisão, teremos uma organização mais eficiente, mais capaz, construindo, assim, a Cultura Organizacional.
Certo de que não conseguiremos voltar atrás e corrigir o que foi feito. A aprendizagem, essa, deve permanecer, e que na preparação do ano que se aproxima não sejam tomadas as mesmas decisões na expectativa de resultados diferentes.
Que o novo ano seja preparado e alicerçado com base numa estratégia sólida e simples! E que todos consigam compreendê-la e pô-la em prática, diariamente, em cada decisão, conhecendo a missão e o propósito de que fazem parte, para saberem quando é o momento de passar a bola ou de rematar à baliza.