A retenção de talento é, não só uma prioridade, como um dos principais desafios que a Remax enfrenta. E Beatriz Rubio garante que o setor imobiliário, em geral, e a Remax, em particular, tem bons argumentos para o assegurar.
Quais as particularidades e desafios de gerir pessoas no sector imobiliário?
Existem várias particularidades e desafios, pelo que destacamos a gestão de expectativas e a flutuação de rendimentos.
Para um consultor Remax é muito importante ser psicologicamente forte, até porque muitos negócios, que têm tudo para serem concretizados, caem à última hora, por razões inimputáveis a ele próprio. Em muitos negócios, existem muitas visitas de clientes, muitas apresentações, muitas propostas, mas no final, há a desistência de alguém e a expectativa positiva gerada desvanece-se, contribuindo para um certo desalento e desânimo do consultor.
Outra particularidade importante é o facto de existir uma inconstância no rendimento: ao contrário de um colaborador assalariado, um consultor imobiliário pode estar vários meses sem quaisquer rendimentos ou, num determinado mês, auferir o equivalente a vários meses de trabalho.
A cada vez maior especialização e profissionalização do sector tem mudado a Gestão de Pessoas? Se sim, como?
A maior profissionalização implica naturalmente, uma abordagem diferente na Gestão de Pessoas, até porque um consultor formado exige uma gestão mais apropriada e, sobretudo, mais capacitada. Gerir um consultor com vários anos de experiência é notoriamente diferente de gerir um “rookie”, onde as próprias regras e lógicas mais basilares estão ainda a ser adquiridas.
Não havendo propriamente cursos de especialização, como asseguram que os profissionais, principalmente esses “rookies”, que também vos representam, têm "o que é preciso"?
A experiência de quase 20 anos da Remax no mercado assegura-nos um certo know-how que poucas entidades possuem, além de que a constante comunicação com os consultores permite-nos aferir e saber sobre quais são as suas necessidades, as suas expectativas e ambições. Nada como comunicar, e nisto a rede Remax é primorosa.
Quais as competências que a Remax privilegia nos seus consultores? O que consideram fundamental para que sejam vendedores de sucesso?
Sucintamente, porque esta questão daria azo a uma extensa resposta, diria que estarem focados na atividade, não desistirem mas persistirem e uma enorme vontade de adaptação. São três caraterísticas indispensáveis. Muitas outras há, claro, mas sem grande vontade e diligência, um consultor não poderá atingir os mais elevados patamares do sucesso.
Qual o perfil tipo dos vossos consultores imobiliários?
A idade média ronda os 45 anos, sendo metade homens e outra metade mulheres. Ao nível da formação, a grande maioria tem o 12.º ano completo ou formação universitária.
O que identificaria como principais fatores atrativos do sector, em termos de potencial de carreira?
Há vários, mas destacando apenas três: os elevados rendimentos, a gestão do seu próprio negócio e o dinamismo da atividade e vitalidade do mercado.
Têm tido dificuldade em recrutar?
Depende das zonas do país e do contexto socioprofissional. Em determinadas zonas, onde as oportunidades de emprego são escassas, naturalmente alternativas como a de ser um consultor imobiliário são mais atrativas.
Como trabalham a vossa marca de empregador?
Ao nível da gestão global da marca, pela Remax Portugal, e depois, a nível local, por cada uma das agências individualmente.
A Remax tem ganho vários prémios como melhor empresa para trabalhar. O que acredita que o justifica?
As nossas boas práticas são muitas. Não sendo fácil explaná-las de forma sucinta, destaco disponibilizarmos a melhor formação que existe no mercado, o elevado e constante reconhecimento e premiação, a partilha de negócios como promotor do crescimento e uma retribuição justa, com elevados de rendimentos.
Quais as prioridades que assumem em termos de Gestão de Pessoas, para dar resposta em que desafios em concreto?
As prioridades passam pela manutenção de bons índices de recrutamento e formação, mas também por uma elevada retenção. A Remax possui os melhores profissionais do mercado, pelo que um dos grandes desafios é mantê-los e, se possível, disseminar toda essa experiência e know- how pelos novos consultores.
E em termos de negócio, quais são atualmente as vossas prioridades?
Nunca deixou de ser e continuará com certeza a sê-lo: prestar o melhor serviço possível aos nossos clientes.
Como tem sido a evolução da Remax em Portugal?
Resumir quase 20 anos de atividade em Portugal em poucas linhas é impossível, pelo que saliento apenas a evolução em 2018 face a 2017: crescemos 17% em termos de volume de negócio, 22% em número de consultores, 16% em número de agências em atividade, 31% em volume de preços, 9% em número de transações e 10% em número de imóveis vendidos.
O sector imobiliário atravessou, não há muito tempo, uma crise; agora parece ter-se voltado à "bolha imobiliária". Como gerem estes contextos antagónicos?
Não existe “bolha imobiliária” e os ciclos de crescimento e, inversamente, de abrandamento, são naturais em quaisquer sectores e mercados. Gerimos de forma natural, porque assim como esperamos que o mercado se expanda em determinadas zonas, aguardamos uma certa retração noutras. São ciclos expectáveis e naturais.
Quais os principais desafios que perspetiva para o sector?
Manter e elevar a qualidade dos serviços prestados, assim como o profissionalismo dos consultores. Uma enorme vantagem competitiva da rede Remax face aos demais intervenientes no mercado está também nestes dois pontos, onde há um longo caminho a percorrer pelas pequenas mediadoras e demais marcas.
Quais são então, os maiores desafios para a Remax?
Manter o elevado nível de qualidade dos serviços prestados e a disseminação pelos novos consultores, da experiência e profissionalismo mais do que notórios dos consultores mais antigos. A retenção de talentos é também um desafio que a marca não pode negligenciar.
Beatriz Rubio, CEO da RE/MAX Portugal