A Ebury destacou alguns dos fatores-chave que considera que estão atualmente a influenciar as estratégias de internacionalização das pequenas e médias empresas (PME).
1. Um ambiente global em mudança e complexo
Apesar de um ambiente global em mudança, com o pano de fundo da guerra da Ucrânia, a crise das matérias-primas, o aumento dos custos da energia e a subida da inflação, as PME continuam a ver a internacionalização como uma forma de crescer e diversificar os riscos inerentes aos mercados.
Importa recordar que, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2020, existiam em Portugal mais de um milhão e 300 mil empresas do sector não financeiro, das quais 99,9% eram PME.
2. A necessidade de repensar estratégias
O atual contexto internacional está a forçar as empresas a repensar estratégias para melhorar a sua competitividade e aumentar as suas vendas. Neste sentido, a pandemia tem induzido muitas mudanças nas empresas, afetando as suas estratégias de diversificação do mercado, a simplificação das cadeias de valor ou a promoção de energias alternativas, além de ter servido como catalisador para acelerar a transformação digital dos seus processos e estruturas.
É precisamente a transformação digital que as empresas e a própria economia estão a sofrer que tornou possível um desenvolvimento extraordinário de novos canais de vendas, em alguns casos orientados para mercados locais e, noutros, com um âmbito verdadeiramente global.
3. O surgimento de plataformas ou mercados digitais
As plataformas comerciais online, também conhecidas como marketplaces, já estão a revolucionar a forma como as empresas se internacionalizam, na medida em que simplificam muitos aspetos das estratégias tradicionais de internacionalização, que são geralmente complexas e dispendiosas. Tanto assim é que, ao falar de áreas e mercados de oportunidade, deve dizer-se que as próprias plataformas digitais se tornaram agora o verdadeiro mercado para muitas empresas, especialmente PME.
Estudos sectoriais indicam que o comércio eletrónico no segmento B2B já gera um volume de negócios de mais de 12 mil milhões de dólares a nível mundial, prevendo-se um crescimento exponencial que atinja mais de 21 mil milhões de dólares até 2027.
De outro ponto de vista, o desenvolvimento de plataformas de comércio eletrónico como canal de internacionalização terá certamente consequências para a estrutura do próprio mercado. Por outras palavras, muitos dos tradicionais aliados comerciais da empresa nas suas operações no estrangeiro, tais como importadores ou distribuidores, perderão peso ou tornar-se-ão irrelevantes, enquanto os parceiros no segmento logístico ganharão importância.
Mesmo a forma como os serviços financeiros são prestados será afetada por este novo paradigma digital de internacionalização. Deve ter-se em conta que, embora o risco cambial não desapareça ao fazer ou receber pagamentos (não é por acaso que este é um dos riscos mais importantes associados ao comércio internacional), as próprias plataformas incorporarão serviços valiosos que trazem simplicidade e custos mais baixos às transações internacionais.
4. A necessidade de se proteger contra o risco cambial
Embora os processos de digitalização mudem, as necessidades das empresas continuam a ser as mesmas. Uma delas tem a ver com a gestão dos pagamentos e da taxa de câmbio, um fator incontrolável para as empresas, na medida em que é consequência de decisões ou acontecimentos relacionados com a política, a economia, a fiscalidade ou as medidas monetárias adotadas pelos bancos centrais. Contudo, a má gestão deste aspeto pode fazer com que a empresa veja a margem de uma operação corroída ou completamente anulada.