Este mês ficámos a conhecer melhor João Borges, human resources manager da Eurostyle Systems Portugal. Destaca que o que mais o apaixona na área dos Recursos Humanos é a ligação que consegue criar entre a organização e as pessoas. Nesta entrevista, revelou-nos também as aprendizagens e experiências mais marcantes da sua carreira e quais as competências que considera mais relevantes nos dias de hoje.
Entrevista a João Borges, Human Resources Manager da Eurostyle Systems Portugal
O que mais o apaixona na área em que está?
Ter a oportunidade de impactar significativamente a organização por via das suas pessoas, mas considerando sempre uma visão e estratégia financeira de médio e longo prazo.
As empresas existem para obterem resultados, mas são as pessoas que nos permitem atingir esses resultados. Não vale a pena olhar apenas para a folha de Excel, da mesma forma que não vale a pena olhar apenas para as condições que disponibilizamos às pessoas.
O que mais me apaixona é ter a oportunidade de ser essa ligação, esse ponto de equilíbrio entre os resultados e o impacto que as pessoas têm para que eles aconteçam. Trabalhar a motivação, o envolvimento, a satisfação e o reconhecimento para que as pessoas se sintam parte dos sucessos alcançados pela empresa, não descurando a componente de responsabilidade corporativa ambiental e social.
O que destaca como as experiências mais marcantes do seu percurso profissional? Quer pela positiva, quer pela negativa.
Devo começar por partilhar dois tópicos: 1) tive a sorte de, em todos os projetos profissionais em que estive envolvido, encontrar diferentes e novos desafios e 2) considero que não existem momentos negativos, mas sim momentos de desafio e superação que, com a mentalidade certa, nos permitem evoluir e ser melhores profissionais.
Nas 4 experiências profissionais que tive, tive sempre desafios e motivações extra: 1) comecei por fazer parte da equipa que implementou e desenvolveu o Departamento de RH de uma grande empresa nacional da industria automóvel; 2) fiz parte da equipa inicial de implementação de uma nova empresa na industria cerâmica assente numa mentalidade de melhoria continua; 3) tive uma experiência no estrangeiro na área da hotelaria e com o desafio de criar e gerir equipas em vários hotéis em Angola, começando também do zero; 4) juntei-me ao projeto Eurostyle Systems numa altura em que o mesmo ia duplicar o seu projeto inicial.
Em cada uma destas experiências existiram novos desafios e novas conquistas, as quais me orgulham. Falamos de diferentes projetos, diferentes áreas geográficas, diferentes culturas, diferentes necessidades e diferentes momentos económicos e do mercado de trabalho. Mas falamos também de constituir diferentes Equipas RH, dar-lhes competências, orientá-las, dar-lhes autonomia e responsabilizar através dos resultados obtidos… e repetir este ciclo, consciente da sua evolução, envolvimento e partilha de sucessos individuais e coletivos. Ter essa oportunidade e consciência do papel no seu desenvolvimento, o qual se mantém em todos os casos mesmo depois do término da relação laboral, é sem dúvida uma das minhas maiores conquistas em termos profissionais.
Do ponto de vista do momento mais desafiante, sem dúvida a gestão de pessoas em período COVID. Saliento aqui, o antes, o durante e o depois. A incerteza, a instabilidade e a necessidade de, para além de também afetado pessoalmente, ter de manter o discernimento, a atitude, o exemplo e a capacidade de gestão e liderança. As pessoas precisam sempre que lhes indiquem o caminho mas, nesta fase e neste contexto, tudo se sobre dimensionou.
Quais são os principais desafios que a Eurostyle Systems em Portugal enfrenta atualmente?
Os desafios penso que são semelhantes ao restante mercado, mas agravado pela incerteza que a indústria automóvel apresenta e maior incentivo a que muitos profissionais sintam agora vontade de a evitar.
No que se refere aos desafios globais, diria que temos: 1) falta de mão de obra disponível e consequente necessidade de integração e adaptação de colaboradores de nacionalidade estrangeira; 2) dificuldade em reter colaboradores independentemente das condições e benefícios existentes, uma vez que o novo normal é não estar mais de 2 anos na mesma empresa; 3) capacidade de responder às novas tendências de mercado e work-life balance mas garantindo a operacionalidade de uma indústria que é, na sua maioria, de carácter presencial.
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oiça aquiQue tendências e desafios espera para o futuro do setor?
Desafiante! Apesar do carácter cíclico do setor e da certeza da sua retoma e estabilidade do projeto Eurostyle Systems a longo prazo, a verdade é que as diferentes condicionantes e varáveis dos últimos anos, tornaram o setor que anteriormente era um dos mais desejados, num setor que, neste momento, não é para todos os que estão no mercado de trabalho.
Temos de trabalhar, enquanto setor, para reaver a credibilidade e atratividade do passado, sabendo que o nível de exigência, resiliência, esforço nem sempre estarão alinhados com os perfis atualmente existentes e com a mentalidade atual muito mais focada no worklife balance.
No entanto, como no passado e como refiro sempre, serão as empresas a terem de se adaptar e não o contrário. Quem não o fizer, ainda que dentro dos limites necessários, irá certamente “perder o comboio” do talento e produtividade.
Dentro do mercado de trabalho, como é que acha que a Eurostyle Systems Portugal se destaca e diferencia?
Temos uma Política Salarial ajustada ao mercado de trabalho, considerando a retribuição mínima justa para as funções desempenhadas e garantindo ajustes salariais que permitam reconhecer, não só o desempenho, mas também o aumento do custo de vida na sua generalidade.
No entanto, consideramos que isso é o mínimo e suportamos a nossa Política Salarial numa série de benefícios financeiros e não financeiros que permitam aos nossos colaboradores terem efetivamente melhores condições de trabalho e de vida.
Em paralelo trabalhamos de forma assertiva o nosso Plano de Motivação e Envolvimento, certos de que para além das questões financeiras, serão as questões de identificação com a Cultura da empresa, da sensação de pertença e da partilha dos bons e maus momentos que nos fazem ser Equipa e diferenciar dos restantes.
Questões materiais são facilmente igualáveis, já o mesmo não podemos dizer relativamente às questões emocionais e sentimentais. Se passamos 1/3 do nosso dia na empresa, é lá que temos de nos sentir bem!
Quais são as competências dos profissionais que acha que devem ser mais valorizadas nos dias de hoje?
A tendência não é recente e é consequência dos desenvolvimentos dos últimos anos.
Quer devido à maior facilidade na aquisição das competências técnicas quer ao perfil das novas gerações que chegam ao mercado de trabalho e as condicionantes externas dos últimos 3 anos, cada vez mais temos de definir, identificar e valorizar as competências comportamentais.
Estas competências são tão ou mais importantes do que as competências técnicas. No entanto, só fará sentido se estiverem claramente alinhadas com a Cultura Organizacional, reforçando e determinando o sucesso das estratégias da empresa.
Temos de ser ainda mais minuciosos nessa definição e posterior identificação pois, muito mais do que nas competências técnicas, aqui não existem regras pré-definidas e soluções genéricas a aplicar. Cada organização é única, com a sua identidade e cultura e, por isso, as competências comportamentais individuais têm de estar alinhadas com isso.
A sustentabilidade e responsabilidade social estão no top dos fatores mais valorizados pelos profissionais, de acordo com a última edição do estudo Randstad Employer Brand Research. A Eurostyle Systems tem adotado estratégias neste sentido? Se sim, quais?
Sem dúvida! Como Organização temos o dever de ser facilitadores e conscencializadores para a importância da sustentabilidade e responsabilidade social. Esses fatores fazem parte da Cultura Eurostyle Systems e são partilhados por todos desde o primeiro dia. Só faz sentido se, à vontade da empresa, se associar a motivação e envolvimento de cada um dos seus colaboradores.
A estratégia interna está intimamente ligada ao nosso plano de motivação e envolvimento e visa diversificar uma vasta quantidade de atividades que permitam colocar o colaborador no centro do triângulo de relações: Empresa - Comunidade – Família
Tem alguma máxima que a/o "guie" no seu dia-a-dia?
Tenho duas máximas que guiam o meu dia a dia e que têm enquadramento quer profissional quer pessoal.
A primeira, provavelmente fruto dos muitos anos ligados à indústria automóvel: “Hoje melhor do que ontem… mas pior do que amanhã”.
A segunda, determinante em todos os elementos da organização com funções de gestão de equipas e responsabilidade de comunicação e envolvimento: “As pessoas fazem o que acreditam, acreditam no que entendem, entendem o que lhes é explicado. Assim, enquanto atores com essa responsabilidade, devemos explicar de forma que entendam… assim estarão muito mais perto de acreditarem… e, quando acreditarem, os resultados aparecem!”.