As empresas portuguesas estão a percorrer o caminho que as leva à valorização do seu capital humano, mas é preciso continuar a investir.
Para já não parece haver uma fórmula predefinida para apurar automaticamente o valor exacto do talento que existe numa ou noutra pessoa. De uma forma generalista, Nuno Troni, director na Randstad Professionals, reconhece que as empresas portuguesas já começaram a olhar com outros olhos para os seus profissionais, embora como em todos os casos existam ainda algumas organizações que não se aperceberam da importância de apostarem no desenvolvimento dos seus colaboradores e dos benefícios que daí advêm, seja do ponto de vista de retenção, produtividade, resultados.
O facto é que as estratégias de sourcing de candidatos são hoje muito diversificadas, mas Nuno Troni explica que é sempre dada uma atenção particular "a quem se distingue dos demais, quem é referenciado, evidenciado, quem entrega de forma muito consistente resultados".
A identificação de talento é feita em vários canais, sendo os digitais "incontornáveis". Além dos já tradicionais "job boards", o director na Randstad Professionals admite que há um enfoque especial nas redes sociais (Linkedin, Facebook, Google+), ferramentas de big data, e também nos centros internacionais de sourcing. Neste jogo em que todos os pontos conquistados contam a favor do reconhecimento do talento de cada peão, Nuno Troni explica que os gestores de capital humano fazem variar as suas escalas de valorização e os requisitos valorizados em função do sector e do cargo em causa, no entanto, para este responsável há competências fundamentais como a comunicação, o relacionamento interpessoal, a resiliência e a inteligência emocional que devem ser alvo de atenção especial.
À margem da identificação do talento, este responsável sublinha ainda que o mercado de trabalho nacional tem outros pontos para limar. "A cultura latina implica por vezes uma dilatação nos tempos para tomada de decisão face à contratação, pelo que os processos têm de ser geridos de forma bastante assertiva e com um elevado nível de comunicação tanto com os candidatos como com os clientes", esclarece Nuno Troni.
De acordo com este especialista, o mercado nacional de recrutamento é um mercado em que os candidatos continuam a valorizar principalmente critérios como salários e benefícios, oportunidades de carreira e segurança, e em que há discrepâncias enormes entre as várias áreas funcionais, ou seja, contratar em tecnologias de informação é completamente distinto de contratar em recursos humanos ou marketing.
Disposta a coleccionar experiências e a evoluir a sua carreira sem fronteiras, a nova geração de profissionais desafia os empregadores a mudar. Estes, porém, têm ainda receios em relação a investir nestes profissionais que já não querem um emprego para a vida.
Se no mercado de trabalho a valorização do talento já exige mudanças na gestão de capital humano, a acuidade dos gestores deve ser ainda mais determinada se considerarmos a entrada da uma nova geração de recursos no mercado, os millennials, que já representam uma fatia significativa do total de colaboradores em várias empresas. "A conjugação dos millennials com as outras gerações na mesma empresa apresenta vários desafios, uma vez que o que os move é necessariamente diferente das faixas etárias superiores", sustenta Nuno Troni.
De acordo com este responsável, esta nova geração de profissionais exige "feedback constante, querem ter liberdade de escolha de carreira, analisam mais e vivem mais rápido, conjugando culturas, formas de estar e de pensar no mesmo espaço". Neste contexto, garantir o desenvolvimento e a retenção de todos os colaboradores é um dos principais desafios para qualquer empresa. "O desafio das empresas é acompanhar e seduzir esta nova geração e a forma de o fazer é distinta do passado», alerta o director na Randstad Professionals.
Contratar talento e mantê-lo serão desafios que ganham outra escala neste contexto. O mercado empregador tenderá a valorizar talento e a valorizar-se a si próprio perante o talento, já que o mais importante para quem contrata é conseguir diferenciar-se do resto do mercado e apresentar-se uma empresa apetecível com uma marca forte e atractiva. "Caminhamos a passos largos para nos tornarmos um mercado 'candidate driven' em que as novas gerações vão passar a pesquisar e a analisar oportunidades de carreira numa escala cada vez mais global, pelo que o desafio é como conseguir atrair quem queremos num custo e timing adequado", justifica Nuno Troni.
Com a mudança e os novos desafios em mente, Nuno Troni explica que a Randstad actua como "advisor" não só dos clientes, mas também dos candidatos, partilhando know-how com ambos de forma a garantir o melhor "match" entre ambos.
"Estamos também cada vez mais focados nos projectos de 'candidate experience' em que procuramos verdadeiramente acrescentar valor a qualquer candidato, em qualquer nível, que interaja connosco", afirma o responsável.
Com este posicionamento, Nuno Troni garante que há o cuidado da sua empresa para que todas as decisões, tanto do cliente como do candidato, sejam as mais informadas possível.
Fonte: negocios.pt