As principais razões para a escolha de Portugal para abrir centros de serviços são os custos competitivos e o talento. A conclusão é de um estudo desenvolvido pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em colaboração com a IDC Portugal e Nova IMS.

A AICEP apresentou o primeiro estudo detalhado sobre o sector dos ‘business services’ (centro de serviços). «Desde 2015 houve uma explosão no número de serviços em Portugal: 44% deles foram criados nesse período, depois de anos de crescimento moderado, o qual acelerou a partir de 2011», refere o estudo “Business Service Centres in Portugal”.

O estudo foi baseado numa pesquisa e entrevistas a profissionais de empresas com centros de serviços de negócios em Portugal. Mais especificamente, a consultora IDC Portugal pesquisou 74 altos cargos de centro de serviços, que representam mais de 50% de todas empresas com centros de serviços empresariais em Portugal.

Questionados sobre as principais razões para escolher Portugal como destino para centro de serviços, 91% apontaram os custos competitivos, logo seguidos do talento local qualificado (72%) e capacidade de falar várias línguas (70%).

«Várias empresas disseram que Portugal não foi escolhido por ser um local de baixo custo (‘low-cost’), pois outros locais cumpriam esse critério. A relação qualidade/preço foi o elemento-chave de diferenciação de Portugal de outras localizações europeias e não europeias», lê-se no estudo.

Mais de 60% dos centros de serviços foram instalados nos últimos 10 anos e apenas 7% têm operação há mais de 20 anos, «o que claramente mostra o nível de maturidade desta indústria».

Em declarações à agência Lusa, o presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, explicou que o objectivo deste estudo visa caracterizar o sector e ter dados actualizados. «Primeiro era ter a caracterização do sector» e, segundo, «ter uma ferramenta de angariação» de investimento, referiu, destacando que «mais de 90% das pessoas» que trabalham nos centros de serviços são empregados a tempo inteiro e não subcontratados. O sector é responsável por cerca de 60 mil postos de trabalho em Portugal.

«Este estudo foca-se em centros de serviços que exportam. São centros exportadores do país e quase 40% são empresas industriais», acrescentou o responsável. Só os centros de tecnologias de informação representam 21%.

Relativamente à localização, a maioria (61%) estão concentrados em Lisboa (são 89) e 39% no Porto (44), mas assiste-se a um crescimento em outras áreas do País. «Temos 25 centros fora de Lisboa e Porto e estima-se que isso venha a crescer», afirmou Luís Castro Henriques.

 

De acordo com o estudo, embora a maioria das empresas tenha apenas um centro de serviços em Portugal, 15% delas afirmou que tem mais do que um no País.

Aveiro e Braga ocupam o terceiro e quarto lugar em termos de número de centros de serviços em Portugal, mas no Norte registam-se ainda centros em Vila Nova de Cerveira e Ponte de Lima, enquanto no Centro estão localizadas em Viseu, Tomar e Santarém, e no Sul em Beja, Évora e Loulé.

Por país de origem, a Alemanha representa 21%, seguida da França (18%) e Estados Unidos (16%).

«Portugal está cada vez mais no radar das grandes multinacionais que procuram um lugar para investir nos seus centros de serviços», refere o estudo, apontando que em termos de localização da sede, «empresas de países europeus têm mais probabilidade de escolher Portugal» para estabelecer os seus centros de serviços, representando actualmente «76% dos países da origem».

A conclusão é que Portugal é «um dos países da Europa onde há uma aceleração do crescimento de centros de serviços, atraindo muito investimento estrangeiro de várias indústrias», refere o director-geral da IDC Portugal, Gabriel Coimbra, citado no estudo.

«Portugal tem sido um dos países que mais cresce na atracção de estrangeiros investimentos directos (IDE) na indústria Business Service Center (BSC)», conclui, por sua vez, Fernando Bação, professor da Nova IMS.