Os cinco ingredientes principais de uma cultura corporativa bem sucedida
Encontrar um talento excepcional nunca foi fácil, mas tendo em consideração os actuais desenvolvimentos na demografia, educação e tecnologia, a escassez de talentos está a tornar-se um problema cada vez mais maior. Os resultados de um inquérito realizado recente pela Randstad mostra que as entidades empregadoras estão especificamente à procura de talento com a combinação adequada de experiência laboral e competências pessoais excepcionais.
Ao mesmo tempo, é aparente uma escassez de competências em grandes indústrias e está a ter um impacto negativo nos negócios. Além disso, o talento está menos disponível onde é mais necessário – uma incompatibilidade que não tem tendência a desaparecer brevemente. Além disto, junta-se o facto de actualmente os empregados não parecerem serem ser muito leais para com as suas entidades empregadoras e a urgência de encontrar novas formas de contratação – e retenção – o talento excepcional parece óbvio. Do meu ponto de vista, a cultura corporativa desempenha aqui um papel decisivo.
Os benefícios de uma boa cultura corporativa
Nas palavras do especialista em procura de emprego, Allison Doyle, “A cultura da empresa é a sua personalidade e define como é trabalhar nessa empresa, do ponto de vista do empregado.” Quando se trata da cultura de uma empresa, o que realmente importa acima de tudo é que seja uma boa cultura corporativa, porque uma boa cultura corporativa ajuda-o a recrutar e a reter pessoas talentosas e a ser mais rentável como negócio. Um estudo A Great Place to Work® mostra que as empresas com a melhor cultura corporativa estão normalmente sujeitas a uma rotatividade voluntária dos seus empregados 65% inferior às dos seus concorrentes, poupando dinheiro na formação e recrutamento de empregados. Além disso, estas empresas têm um desempenho geral muito melhor. Na verdade, estas entidades empregadoras proporcionam um retorno duas vezes superior ao da média do mercado. Outra clara vantagem de uma boa cultura corporativa é que se os empregados poderem trabalhar para uma empresa com uma cultura que valorizam e apreciam aceitam salários mais baixos.
A tendência da cultura nos anúncios de emprego
Quando respeita a anúncios de emprego, vejo uma clara tendência. Em sites tais como TheMuse, HireQ, KareerMe e BetterWeekdays observa-se uma ênfase significativa na cultura corporativa, e os anúncios de emprego são relegados para segundo plano. Mostram fotografias e vídeos de como é trabalhar numa determinada empresa, o que a torna única entre outros aspectos. Também estão a combinar cada vez mais as oportunidades de emprego com o estilo de vida das pessoas. É um noctívago ou acorda cedo? Trabalha melhor sozinho ou em equipa? Gosta de viajar? Temos um emprego que se adequa a si e ao seu estilo de vida. Obviamente, o objectivo é fazer com que candidatos pesquisem o anúncio de emprego, mas na expectativa de criar uma forte atracção, mostrando-lhes primeiro a cultura.
O que cria uma grande cultura corporativa?
Como pode uma empresa certificar-se de que é um óptimo lugar para trabalhar? Neste contexto, vale a pena estar ciente do poder psicológico do “contágio social”. As pessoas têm tendência a seguir as outras, tanto em sentido positivo como em sentido negativo. Pense na queda de Wall Street em 1929, ou nos tumultos políticos nos quais normalmente os cidadãos cumpridores da lei parecem enlouquecer de repente criando o caos. Por vezes, as pessoas não gerem o seu próprio comportamento, pelo contrário, o seu comportamento gere-as. As pessoas têm tendência para fazer o que se espera que façam! Diga-lhes que são excepcionalmente inteligentes e irão estar à altura, fazendo algo incrivelmente difícil, realizando o seu trabalho de uma forma muito mais eficaz do que se não lhes disser.
Tendo isto em mente e após análise cuidadosa das marcas mais populares de entidades empregadoras, acredito que os cinco ingredientes mais importantes para uma grande cultura corporativa são o crescimento, felicidade, abundância, importância e significado.
• Crescimento. Um aspecto que as empresas com grandes culturas consideram é permitir aos seus empregados aprender novas competências. Um exemplo é o Google. O gigante motor de busca acredita que as pessoas com um diploma universitário não são necessariamente as melhores contratações. Em vez disso, eles olham para candidatos que podem não ter um grau académico, mas que podem processar o trabalho rápida e logicamente. O Google vai formá-los na função. Na Randstad, assumimos uma abordagem semelhante com nossa Universidade Randstad, onde os empregados podem frequentar cursos de formação on-line que os ajuda a melhorar as suas competências actuais.
• Felicidade. O trabalho é melhor com amigos. De acordo com a pesquisa da Gallup, as pessoas que têm amigos no local de trabalho são mais produtivas. Na verdade, quem tem um melhor amigo no trabalho tem uma probabilidade sete vezes superior de se comprometer com o seu trabalho e uma estreita amizade no local de trabalho aumenta consideravelmente a satisfação dos empregados em aproximadamente 50%. É importante que tenha exercícios de formação de equipas, especialmente se os seus empregados trabalham remotamente de forma frequente. Por exemplo, a Staff.com organiza sessões de jogos de vídeo várias vezes por ano, nas quais todos os empregados se podem juntar e jogar jogos on-line. A Sagacious Consultants organiza umas férias internacionais para os seus empregados, com todas as despesas pagas.
• Abundância. A abundância não é necessariamente o mesmo que oferecer enormes quantias de dinheiro, mas trata-se de proporcionar aos empregados a oportunidade de ter um estilo de vida luxuoso, mesmo que seja meramente uma ilusão. Por exemplo, a AOL oferece escritórios luxuosos aos seus empregados, sendo difícil para estes ir embora. A Netflix oferece aos seus empregados tempo de férias ilimitado, uma política que não é abusada pois os trabalhadores querem ter um bom desempenho e manter o seu emprego. Em média, tiram apenas três semanas de férias. Outro bom exemplo é a Mindvalley, uma óptima empresa que promove o empreendorismo. Os empregados são incentivados a apresentar ideias. Se os gestores da empresa investirem nessa ideia, o empregado recebe uma propriedade parcial, responsabilidades de gestão e participação nos lucros.
• Importância. Os empregados querem sentir que o seu trabalho faz a diferença. No estudo Stengel sobre Crescimento Empresarial, a consultora de pesquisa Millward Brown identificou que as 50 marcas com mais elevado crescimento tinham uma maior probabilidade média de ser conduzidas por ideais do que as suas concorrentes. Estas marcas superaram em conjunto as empresas do S&P 500 em quase 400% ao longo de 10 anos. O estudo concluiu que as melhores empresas “foram construídas não apenas com produtos inovadores ou ideias de serviços, mas com ideais." Bons exemplos de organizações que progrediram em torno de um ideal específico são a Home Depot (veteranos), Ford Motor Company (meio ambiente), Starbucks (diversidade, casamento gay), Chick-fil-A (casamento tradicional) e Delta (investigação do cancro da mama).
• Significado. Por fim, os empregados procuram significado. São atraídos por empresas que lhes permitem trabalhar rumo a um enorme e aparentemente impossível objectivo. Neste contexto, considere uma citação do famoso livro de Antoine de Saint-Exupery, O Principezinho: “Se queres construir um navio, não mandes os homens para a floresta cortar madeira e não lhes dês tarefas e trabalho. Em vez disso, ensina-lhes durante muito tempo a imensidão do mar" Por outras palavras, precisa oferecer aos empregados um objectivo que pareça impossível de alcançar. Serão então liderados por uma visão e irão persegui-la. Isto vê-se reflectido em diferentes declarações de missão. Por exemplo, a Khan Academy utiliza “Para proporcionar uma educação de classe mundial gratuita a qualquer pessoa em qualquer lugar.” A Salesforce.com utiliza “O fim do software”. E, claro, a Disney tem o famoso “Fazer as pessoas felizes.” Fale sobre o impossível!
A fórmula final da cultura. Assim que tiver todos os ingredientes culturais implementados, é muito importante que preserve essa “boa” cultura corporativa. Para tal, tem de se certificar de que a liderança e os gestores dão o exemplo. Por outras palavras, a cultura deve ser “abençoada” pela liderança e “alimentada” pela gestão intermédia. Lembre-se que as pessoas não deixam as empresas, deixam os gestores. Além disso, deve deixar o contágio social enraizar-se e definir expectativas de alto desempenho. As expectativas serão então cumpridas pelos seus empregados, repetidamente. Se fizer tudo isto de forma correcta e consistente, a sua cultura corporativa irá ajudá-lo a recrutar – e reter – talento excepcional com êxito.
Este artigo foi apresentado originalmente em www.randstadsourceright.com