A COVID-19 aumentou os níveis de stress e de ansiedade no trabalho, bem como as probabilidades de esgotamento em todo mundo. É o que revela um novo estudo da Oracle e da Workplace Intelligence, avançando um dado curioso: os trabalhadores preferem receber a ajuda de robôs em vez da de outras pessoas para resolver estes problemas.
O estudo indica que 70% dos trabalhadores revelou que este ano experienciou níveis de stress e ansiedade superiores aos de que qualquer outro ano anterior, e isso afectou negativamente a saúde mental de 78% dos trabalhadores em todo o mundo, causando mais stress (38%), falta de equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal (35%), esgotamentos (25%), depressão resultante da impossibilidade de socialização (25%), e solidão (14%).
As novas pressões causadas pela pandemia global acrescem ao já tradicional stress experienciado no dia-a-dia no local de trabalho, incluindo a pressão para cumprir os níveis de desempenho (42%), lidar com tarefas rotineiras e entediantes (41%) e tentar gerir cargas de trabalho exponenciais (41%).
O mesmo tudo mostra ainda que 85% dos inquiridos afirmam que os problemas de saúde mental no trabalho (isto é, stress, ansiedade e depressão) afectam a sua vida pessoal. As repercussões mais comuns indicadas são, privação de sono (40%), menos saúde física (35%), uma vida pessoal menos feliz (33%), relações familiares fortemente afetadas (30%), e o afastamento dos amigos (28%).
À medida que as fronteiras entre o mundos pessoal e o profissional se esbatem cada vez mais, com pessoas a trabalhar remotamente a partir das suas casas, 35% dos inquiridos revelou trabalhar 40 horas por mês, e 25% já sofreram um esgotamento provocado pelo excesso de trabalho.
Apesar dos inconvenientes inerentes ao trabalho remoto, 62% dos trabalhadores consideram-no mais apelativo agora do que antes da pandemia, afirmando que agora têm mais tempo para passar com a família (51%), para dormir (31%), e para realizarem as suas tarefas (30%).
Apenas 18% dos inquiridos revelou preferir que sejam outros seres humanos a prestar-lhes apoio para manterem a sua saúde mental equilibrada. A preferência pelos robôs está directamente relacionada com o facto de estes poderem oferecer apoio sem fazerem juízos de valor (34%), de permitirem que os problemas possam ser partilhados de forma imparcial (30%), e de responderem rapidamente a questões relacionadas com a saúde (29%).
Já 68% dos inquiridos revelaram que preferem falar com um robô sobre o seu nível de stress e de ansiedade no trabalho, em vez de o fazerem com o seu chefe, e 80% afirmou estar disponível para ter um robô como terapeuta ou conselheiro.
Mais: E 75% afirmou que a inteligência artificial (IA) as ajudou a manter a sua saúde mental equilibrada no trabalho. Os principais benefícios referidos foram disponibilizar as informações necessárias para fazer o seu trabalho de forma mais eficaz (31%); automatizar tarefas e diminuir as cargas de trabalho para prevenir os esgotamentos (burnout) (27%); e reduzir o stress ao ajudar a priorizar as tarefas (27%).
A IA também ajudou a maioria (51%) dos trabalhadores a encurtarem a duração das suas semanas de trabalho e permitiu-lhes disfrutarem de períodos de férias mais longos (51%). Mais de metade dos inquiridos afirmou que as tecnologias de IA contribuem para aumentar o nível de produtividade dos colaboradores (63%), para melhorar os níveis de satisfação com o emprego (54%), e para aumentar o bem-estar geral (52%).
O mesmo estudo mostra que 76% dos inquiridos acreditam que a sua empresa deveria fazer mais para proteger a saúde mental dos seus trabalhadores, mas mais de metade (51%) referiram que as suas empresas adicionaram serviços de apoio à saúde mental ou de apoio por causa da pandemia COVID-19.
De referir ainda que 83% dos trabalhadores em todo o mundo gostaria que as suas empresas disponibilizassem tecnologia que ajudasse a manter a sua saúde mental equilibrada, incluindo o acesso self-service a recursos de saúde (36%), serviços de aconselhamento on-demand (35%), ferramentas de monitorização proactiva da saúde (35%), acesso a aplicações de bem-estar ou meditação (35%), e chatbots capazes de responder a questões relacionadas com a sua saúde (28%).
Cerca de 42% das pessoas afirmaram que o stress, a ansiedade ou a depressão no local de trabalho provoca uma queda na sua proactividade, e 40% afirmaram mesmo que esta situação leva a que o número de más decisões aumente. 85% revelou que o stress, a ansiedade e a depressão provocados pelo trabalho afetam a sua vida pessoal.
Terem de lidar com os desafios acrescidos dos impactos que o aumento do stress e da ansiedade (33%) podem provocar na sua saúde mental é igualmente referido pelos trabalhadores (84%) que reconheceram enfrentar novos desafios ao trabalharem remotamente.
O estudo que envolveu mais de 12.000 trabalhadores, gestores, directores de Recursos Humanos e gestores de nível C em 11 países.