Em Portugal, a missão da DXC é liderar a transformação digital das grandes empresas portuguesas e, por conseguinte, ser um catalisador da transformação e fortalecimento do tecido económico nacional.

Entrevista a Susana Garcia, directora de Recursos Humanos da DXC Technology

Com mais de 500 colaboradores actualmente e em crescimento, a DXC Technology debate-se que um desafio que é comum a todas as empresas do sector das Tecnologias de Informação: a escassez de talento. A directora de Recursos Humanos, Susana Garcia, identifica: «o país tem escassez de quadros qualificados em profissões como especialistas em analítica, dados, robótica e automação, programadores ou arquitectos de cloud».

A DXC Technology– Digital Transformation Company é relativamente recente. Como surgiu?

A marca DXC nasceu em 2017, como resultado do spin-off do segmento de serviços empresariais da HPE e fusão com a CSC, mas acumula décadas de história na vanguarda das tecnologias de informação e na transformação digital. 

Como tem sido a evolução?

Em Portugal, contávamos inicialmente com 200 colaboradores, sendo que no espaço de apenas dois anos mais do que duplicámos de dimensão e tornámo-nos numa referência no sector das Tecnologias de Informação (TI) em Portugal. Superámos os 500 colaboradores em 2019. 

Que missão assumem?

A nossa missão é ajudar as empresas na sua transformação digital de forma a ter melhores resultados operacionais e prepararem-se o melhor possível para o futuro, que é indubitavelmente digital. 

Em Portugal, a missão da DXC é liderar a transformação digital das grandes empresas portuguesas e, por conseguinte, ser um catalisador da transformação e fortalecimento do tecido económico nacional. 

Temos clientes em vários sectores, da Energia à Indústria, Serviços Financeiros e Telecomunicações, entre muitos outros, com clientes como a CGD, EDP, GALP, Sonae, Fidelidade, REN, Jerónimo Martins, Ageas, Luz Saúde, só para dar alguns exemplos. 

Quais diria que foram os maiores desafios que tiveram de enfrentar e superar para conseguirem chegar onde estão hoje? 

Um dos grandes desafios do sector de TI em Portugal é a escassez de recursos humanos qualificados. Para responder a este desafio temos apostado no reskilling de recursos humanos, na captação de talentos no mercado e em parcerias com o ensino superior. 

O nosso crescimento acelerado aumentou o desafio ao nível da captação dos melhores profissionais e da promoção da nossa cultura empresarial distintiva, mas temos a vantagem de ser uma multinacional e ter a capacidade de alocar recursos em todo o mundo a projectos a desenvolver em Portugal. 

A escassez de talento é um desafio transversal ao sector…

Sim, a escassez e a competição por profissionais com perfis tecnológicos em Portugal é um problema que afecta o sector. O país tem escassez de quadros qualificados em profissões como especialistas em analítica, dados, robótica e automação, programadores ou arquitectos de cloud. Tudo o que puder ser feito para mitigar esta situação ajudará no desenvolvimento do sector.

E as empresas, fora do sector das TI, terão na transformação digital um dos seus maiores desafios?

A transformação digital das empresas portuguesas vai acelerar em 2020, dada a necessidade de assegurar o futuro dos negócios num mundo digital. E a DXC tem como objectivo ajudar as empresas no desenvolvimento e implementação das suas estratégias digitais, contribuindo para uma maior eficiência, eficácia, produtividade e sustentabilidade. 

Verificamos, em todo o mundo, uma tendência para as empresas aumentarem rapidamente a escala dos seus investimentos digitais, apoiados nas novas plataformas de serviços digitais e a implementar uma integração aprofundada dos processos empresariais. 

As empresas estão finalmente cientes de que aquelas que vão liderar esta nova fase são as que compreendem as oportunidades trazidas pela capacidade de gerir fluxos de informação e dados de mercado. 

Que objectivos definiram para este ano?

A nossa estratégia em Portugal passa por criar valor para os clientes, sendo o parceiro de eleição na sua transformação digital. Em termos sectoriais, além dos sectores financeiros, nomeadamente banca e seguros, das utílities e da saúde, estamos empenhados em levar as vantagens das nossas soluções à indústria, nomeadamente nas áreas automóvel e dos transportes.

Face aos negócios que já fechámos, vamos aumentar a nossa equipa com 100 profissionais ainda este ano, superando os 600 colaboradores.

Até que ponto a Gestão de Pessoas é importante com vista à obtenção desses resultados e de que forma se integra ela na estratégia seguida? 

A nossa actividade é desenvolvida por pessoas, pelo que muito do foco da gestão da empresa está na valorização das pessoas e na promoção dos valores e cultura da empresa, promovendo a conciliação entre trabalho e família e afirmando-nos como uma das melhores empresas para trabalhar. 

Esta política de promoção de bem-estar dos colaboradores tem sido importante para a captação e manutenção de talento, que é fundamental para o crescimento sustentado da nossa actividade.

Quais os pilares estratégicos da vossa política de Recursos Humanos?

A DXC encontra-se entre as melhores em cidadania empresarial e também no investimento que faz nas suas pessoas, sendo consecutivamente distinguida como uma das melhores organizações para se trabalhar nos vários mercados em que actua

É uma empresa focada em criar valor para os seus clientes, parceiros, accionistas e naturalmente, para os colaboradores, oferecendo-lhes as melhores oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. 

Na base desta visão holística, a DXC promove uma cultura interna que valoriza e estimula a diversidade, flexibilidade, inovação, feedback contínuo e reconhecimento. Queremos uma empresa onde as pessoas se sintam bem, que encontrem desafios que as leve a desenvolver-se pessoal e profissionalmente e, fundamentalmente, onde se sintam felizes.

Outros vectores estratégicos são os processos de identificação e de captação do talento e, quando já foram acolhidos na empresa, a constante qualificação e capacitação das nossas pessoas.

De que forma o grupo apoia e incentiva a progressão de carreira dos seus colaboradores?

O desenvolvimento de carreira na DXC é um processo contínuo de aquisição de conhecimento e aperfeiçoamento de competências que ajudarão a realizar aspirações de carreira de cada um. 

Os colaboradores seguem um processo simples de quatro etapas para planear sua carreira: Descobrir, Explorar, Planear e Crescer. Os managers suportam este crescimento, criando o ambiente certo, caracterizado por formação regular e reconhecimento em tempo real de desempenho e atitude. 

A cultura empresarial da DXC aposta na diversidade, inovação, feedback contínuo e no reconhecimento. Como empresa multinacional, a DXC apresenta um leque muito grande de oportunidades disponível para os colaboradores, nomeadamente através do contacto com as melhores práticas nas diversas áreas tecnológicas, bem como através de oportunidades concretas, tanto em projectos em Portugal como noutra DXC noutro país.

Também na área do desenvolvimento pessoal temos disponível o clube Tostmasters, planos de formação dedicados, certificações diversas e acesso 24x7 à plataforma de e-learning, entre outras.

Que acções ou iniciativas destacaria como sendo particularmente valorizadas pelos colaboradores?

Apostamos muito na comunicação com os nossos colaboradores. Por exemplo, trimestralmente, fazemos uma reunião onde, para além da partilha da estratégia e plano de acção pelo Management, se reconhecem os colaboradores que mais se destacaram no trimestre anterior.

Também realizamos anualmente um evento que integra uma acção de voluntariado e de team building com todos os colaboradores da empresa, tendo sido a última uma ação de reflorestação na serra de Sintra. 

Durante o ano temos também diversas iniciativas internas que pretendem incentivar as melhores práticas, como a Healthy Week, que engloba diversas acções  como ginástica laboral, cursos de marmitas saudáveis, gestão de stress, rastreios diversos; ou o “all together anual”, que é um encontro com toda a empresa, normalmente um jantar, e visa promover o convívio informal entre todos os colaboradores e managers.

Naturalmente, para além destas acções, também são muito valorizados os benefícios na área da saúde e lazer como comparticipação no ginásio, massagens ou nutricionista, actividades desportivas várias, como o padel e atletismo. 

Temos ainda serviço de psicologia disponível bem como um médico e enfermagem residente no escritório e é possível aos colaboradores fazerem análises clinicas no próprio escritório. 

Em suma, tentamos criar as melhores condições para os nossos colaboradores.

Que tendências perspectiva, a curto/ médio prazo, para o mundo do trabalho?

Vamos assistir à emergência de novas profissões e novas áreas de especialização, que hoje ainda não vemos claramente como serão; as equipas multidisciplinares e colaborativas vão tornar-se norma face às equipas estanques e hierarquizadas, potenciadas pelas novas ferramentas. 

Certo é que cada vez mais as “soft skills” são um factor determinante para o sucesso no mundo do trabalho. Competências como a comunicação, flexibilidade, criatividade, capacidade de trabalho em equipa, resiliência na resolução de problemas e aprendizagem constante são cada vez mais um factor diferenciador. Em geral, é muito mais simples para o empregador ensinar uma competência técnica do que uma comportamental.

Outra tendência muito clara é a adopção crescente da inteligência artificial no local de trabalho, que nos vai trazer novos desafios e transformar cada vez mais a forma como nos relacionamos. 

Na base de todas estas tendências vemos um denominador comum, que é a exponencial integração tecnológica e seus impactos no trabalho. 

 

entrevista a

Susana Garcia

directora de recursos humanos da dxc technology