• Sofia Cansado

Olá! Sejam bem-vindos ao podcast #EVERYDAYHERO. Hoje vamos falar sobre o tema que se calhar muitos ainda não sabem o que é, mas a Ana Lopes, a convidada de hoje, vai certamente introduzir da melhor forma. Falamos de Work Life Coaching e até de uma forma mais leve, "o que é que eu estou a fazer com a minha vida". E a Ana vai-me responder a esta pergunta existencial. A Ana é Career Coach da Risesmart, da Randstad Portugal, e não é estreante no Podcast, mas tem novidades. Certo, Ana? Bem-vinda!

  • Ana Lopes

Olá, muito obrigada. Sim, tenho novidades. Vamos falar aqui deste tema do Work Life, o que é que é isto do Work Life Coaching. Para quem não me conhece, nunca ouviu falar sobre mim, Ana Lopes, como acabaste de dizer, sou Career Coach, aqui na Randstad, Expert Manager também. O que é que significa isto tudo? Significa que eu tirei Psicologia, depois andei pelo mundo das organizações nesta área do desenvolvimento de competências. O meu foco é desenvolvimento de competências comportamentais nas empresas. E, que dentro da Randstad, tenho aqui este espectro, de estar tanto na área de Development, de desenvolvimento destas competências, que é o meu core, que é o que eu faço já ao longo de 3 anos, também na área de transição, de Transition, da área de carreira, de Outplacement e de Career Counseling. E depois também na área de Talent Mapping, que é a nossa área de assessments e de avaliação de competências. Por isso, isto junta-se tudo aqui nesta bolinha, em que nós tentamos ajudar da melhor forma que os nossos candidatos ou empresas, estamos nos dois lados, consigam fazer as suas transições, os seus desenvolvimentos, as suas análises da melhor forma.

  • Ana Lopes

Um fun fact sobre mim, que eu sei que é uma coisa que vais querer saber porque perguntas a toda a gente, não me lembro dos fun facts que trouxe da última vez. Por isso, terei também de ouvi-los. Mas o fun fact que vos posso trazer, neste momento, é que com isto da pandemia eu fiquei nómada. Por isso, na verdade, a minha casa é o meu carro, sou daquelas que sou totalmente apologista do remote, sendo que também vou muitas vezes ao meu escritório na Randstad, em Lisboa. Mas neste momento ando um bocadinho pelo mundo, por Portugal, ainda só. Mas no próximo mês irei para o Brasil e irei estar a trabalhar remotamente a partir do Brasil, até ao final do ano. Por isso, é uma das vantagens que este modo de trabalhar nos traz e deixo-vos já a dica para quem tem esta possibilidade, aproveitem. Aproveitem para realmente para explorar isso, porque às vezes achamos que não conseguimos sair desta rotina, ainda assim, estando a trabalhar a partir de casa e a casa passa a ser o nosso escritório. E a verdade é que realmente podemos ir para qualquer lado.

  • Sofia Cansado

Ana, isso é fantástico. Deste-me vontade de pegar no carro e ir para Bragança trabalhar. Mas... Isso é realmente muito giro. Portanto, já sei que um próximo episódio sobre nómadas, é preciso o teu testemunho.

  • Ana Lopes

Cá estarei, cá estarei.

  • Sofia Cansado

Para começar aqui introduzir o tema do Work Life Coaching, até porque é um termo muito, muito geral. O que é que tu nos podes dizer sobre este conceito? O que é o Work Life Coaching?

  • Ana Lopes

Ok. O Work Life Coaching é uma forma de nós acompanharmos, orientarmos os nossos candidatos, ou as pessoas dentro das empresas, para conseguirem olhar para aquilo que é a sua Work Life e para potenciar o que é que é a sua Work Life. E este tema do Work Life, e até estávamos a discutir antes de começarmos a gravar e eu acho que isto é importante, é um termo que é muito difícil para nós de conseguir traduzir e dar uma palavra portuguesa a isto do Work Life. Porque é um bocadinho de olharmos para a nossa vida, enquanto um todo. E o trabalho, aquilo que somos no trabalho também influência quem somos em casa, e quem somos em casa também influência quem somos no trabalho. Nós somos um só, nós somos uma só pessoa e temos várias áreas da vida. Então, nesta nova forma de olharmos para aquilo que é o nosso potencial, ou aquilo que é o nosso desenvolvimento, aquilo que é, são as nossas escolhas, mesmo ao nível da nossa carreira tem muita influência de todas estas áreas, várias áreas da nossa vida. Então é olharmos para a pessoa holisticamente, enquanto um todo, e percebermos de que forma é que mesmo no trabalho, naquilo que é a nossa carreira, nós conseguimos potenciar outras áreas da vida. Se eu não estou contente com a minha identidade e o meu propósito, que é uma das áreas que já vamos falar mais à frente, se eu não estou feliz com a minha identidade e o meu propósito, eu não vou estar feliz naquilo que vou estar a fazer, ou vou estar sempre em dúvida, ou vai chegar uma altura na minha carreira que eu vou pensar "Mas porque é que eu escolhi isto? Quem é que eu sou? O que é que eu estou aqui a fazer?" Então, se tivermos aqui uma orientação, se tivermos aqui um caminho a seguir e é esse o nosso papel, ajudarmos, darmos aqui ferramentas, fazermos perguntas, ajudarmos nesta desconstrução um bocadinho de várias áreas da vida, para percebermos como é que eu consigo estar no meu melhor. Como é que eu me consigo sentir feliz e realizada e de que forma é que isto influência todas as áreas, todo o resto das áreas de vida. Eu dizia até, ontem no webinar que nós fizemos, um que temos agora, que lançámos agora, as áreas de vida são como se fosse um dominó. Em que nós começamos por uma e de repente estamos a afetar todas as outras, não é. Nós somos só uma pessoa. Por isso, é esse o nosso objetivo - acompanhar, orientar e potenciar as áreas de vida dos candidatos e das pessoas dentro das empresas. Olhamos exatamente da mesma forma, naquilo que é o seu potencial e o sentimento realização nas áreas de vida.

  • Sofia Cansado

Quase que me estás a dizer que há aqui certos momentos na vida de crises de identidade profissionais, que não são o fim do mundo. São trabalháveis, são fáceis. Fáceis, entre aspas, de descobrir, identificar e trabalhar nesse sentido. E a tua parte, o teu papel é muito isto também, não é. Guiar a pessoa neste sentido. O que é que... Qual é o próximo passo? O que é que eu realmente quero?

  • Ana Lopes

A questão é que muitas das vezes nós não temos esta noção, de onde é que nos encontramos nas várias áreas da vida. Então, eu até posso-me sentir insatisfeita com algo, mas eu não sei de onde é que é essa raiz. E começo a culpar ou a empresa, ou começo a culpar a relação, começo a culpar algo no externo, que é muito mais fácil, não é. Do que eu perceber internamente onde é que eu estou a colocar o meu foco, onde é que eu estou a colocar a minha atenção, onde é que eu estou a colocar a minha energia. E quando falamos, por exemplo, no Work Life Balance neste momento, estamos a falar de algo que é a qualidade do tempo que eu passo e não tanto a quantidade. E nós ainda temos muito esta ilusão que tem a ver com a quantidade de horas que eu passo no trabalho, a quantidade de horas que eu passo com os meus filhos, não tem a ver com quantidade, tem a ver com qualidade. E quando eu tenho esta noção, eu começo a avaliar e analisar as áreas da minha vida e a fazer uma coisa tão simples quanto: de 1 a 10, o quão satisfeitas estou eu nestas áreas de vida. E se eu fizer isto regularmente, eu começo a perceber onde é que eu estou a "desbalancear", de forma é que eu posso fazer diferente. O que é que acontece?! A maioria de nós sente que não tem por onde começar, começar com que começar, ou que ferramentas utilizar. Isto é muito fácil falar. Mas como é que eu desconstruo estas coisas? Que ferramentas é que eu utilizo? Que modelos é que proponho? Que perguntas é que eu faço? Na verdade, é isso que nós trazemos. Trazemos aqui algo racional também. Uma visão de fora, do externo e ajudar a pessoa, daí que seja o Work Life Coaching, orientando, porque nós não damos respostas. As respostas estão dentro das pessoas. Orientamos, fazemos perguntas, damos ferramentas, damos trabalhos de casa, para que a pessoa consiga aqui desenvolver e edificar uma área da vida que para si, neste momento, os seus alicerces podem já estar a abanar. E mesmo que eu não sinta, tal como estavas a dizer, esta crise ainda, eu posso-me sentir insatisfeita com algo, neste momento. Ou posso sentir que eu podia estar muito melhor e a maioria de nós acha que poderia estar muito melhor em alguma área da vida.

  • Ana Lopes

A questão é "eu acho que poderia estar muito melhor, mas como é que eu ponho isto em prática?" Como é que eu realmente balanço agora as coisas, não é, o que é que eu posso fazer para não sentir que estou a deixar outro desbalanceado para me focar numa só vida. Então é este o nosso grande objetivo.

  • Sofia Cansado

Então, e estas áreas, tens estado a falar das áreas que temos de trabalhar. Quais são aqui as áreas que temos mesmo de focar?

  • Ana Lopes

Olha, nós com o Work Life Coaching, com esta forma de olharmos para este acompanhamento e orientação, nós temos aqui 5 áreas principais e são: a identidade / propósito, carreira e competências, recompensa e reconhecimento, bem-estar e Work Life e relações e networking. E estas 5 áreas, que eu trago aqui, não quer dizer que sejam áreas já fechadas e que a pessoa se tenha que incorporar em uma delas. É uma base para nós começarmos a trabalhar e para que a pessoa consiga perceber o que é que é realmente importante para mim, neste momento. E a partir disso começarmos a explorar. Uma coisa que acontece é que muitas vezes, quando estamos a trabalhar o bem-estar e o Work Life, que por si só estamos aqui no Work Life, que por si só fala um bocadinho de tudo o resto, nós aí exploramos, por exemplo, 10 áreas da vida pessoa e não são cinco, aí colocamos muito mais também a conexão da pessoa, a parte da espiritualidade da pessoa, a parte emocional da pessoa, que são áreas que são realmente importantes, mas que se nós fossemos mostrar logo as dez, começaria a criar também uma sensação de ansiedade na pessoa, por terem muita coisa e muitas coisas ao mesmo tempo. Por isso, repartindo-se aqui nessas 5 áreas principais e pomos muito esta questão da reflexão, de eu pensar destas 5, por onde é que eu gostaria de começar este dominó. Eu, esta posição de todos os dominós, eu clico num e eles desfazem-se todos por aí fora e todos se influenciam uns aos outros.

  • Sofia Cansado

Daí ser impossível traduzires o Work Life. Não é? Não é só a profissão, não é só a vida pessoal.

  • Ana Lopes

É a pessoa enquanto um todo, não é. Nós dividimos, repartimos a nossa energia exatamente nestas áreas que decidimos que é o pessoal e o profissional mas somos a mesma pessoa, no pessoal e no profissional. Somos nós mesmos no pessoal e no profissional e às vezes as coisas tornam-se mais zonas cinzentas do que o preto no branco e cada vez mais com isto de trabalhar em casa, nós vimos isto, a questão de os pais que tinham os filhos em casa enquanto estavam a trabalhar e isto não é eu agora separo e sou profissional e depois separo e sou o pai. Não dá. E olharmos para a pessoa e orientarmos a pessoa enquanto pessoa. Eu acho que é o fundamental. Por isso, esta parte mais humanística da coisa e eu sou uma pessoa de pessoas. Eu digo sempre em todas as intervenções que eu tenho. É mesmo importante para mim. É mesmo importante eu estar com alguém que me diz: "Ana, estou numa transição de carreira e gostava agora de abrir, por exemplo, o meu próprio negócio. Eu gostava de encontrar algo diferente no mercado".

  • Sofia Cansado

Os teus olhos brilham e aqui começamos.

  • Ana Lopes

Qual é o perfil da pessoa? Não é. Porque é que quer lá chegar? O que realmente gosta de fazer? quais é que são as suas paixões? Vamos por todas as áreas, na verdade, e muitas vezes até achamos que é uma questão de identidade e propósito e vamos a ver e é uma questão de reconhecimento e de recompensa. As coisas não são fixas, não é. Nada é fixo. Tudo é movimento na nossa vida. E mesmo estas, este tipo de acompanhamentos e orientações é isso mesmo, é ao estarmos com a pessoa enquanto pessoa e conseguirmos extrair melhor o que pudermos, daquela relação que também tenhamos com a pessoa, para ajudar e para orientar. E para que depois de ter estado connosco, consiga realmente estar no seu melhor.

  • Sofia Cansado

Então, e como é que seria, vamos imaginar que eu sou essa pessoa. Chego ao pé de ti e digo "Ana, quero abrir uma pastelaria". Tu começas a trabalhar comigo esta parte do Work Life, porque se calhar há aqui áreas que eu tenho de trabalhar. Como é que seria uma sessão de Work Life Coaching? Não digo típica porque acredito que não haja uma sessão típica. Mas como seria?

  • Ana Lopes

Nós começamos sempre por um pequeno assessment, uma pequena análise de qual é que seria a área. Esta questão do primeiro dominó que eu empurro para levar todos os outros à frente. Então, nós começamos sempre por perceber que áreas é que são realmente importantes e onde é que há este desbalance, não é. As primeiras sessões são sempre para conhecer a pessoa. Para que a pessoa também conheça que área é que é mais importante para si. Depois de escolhermos qual é que é a área que vamos investir e, por exemplo, se for uma área, todas as áreas são diferentes. Mas se for uma área de carreira, por exemplo, eu quero perceber onde é que quero ir com a minha carreira, o próximo passo para dar na minha carreira, nós temos normalmente um conjunto de temas que trabalhamos, um conjunto de perguntas, um conjunto de ferramentas muito adequadas a cada uma destas áreas. Mas se for um tema de carreira, por exemplo, eu começo a perceber que passos que eu já dei, que passos é que eu quero dar para a frente, que oportunidades é que existem dentro da minha empresa para começar e depois, se não houver nada na minha empresa que me satisfaça, fora da empresa. Criar aqui depois também uma rede de networking, já entramos na área do networking. Mas uma rede de networking de pessoas que estejam na posição que eu acho que quero estar, que tenham feito o percurso que eu quero fazer. Porque muitas das vezes nós não conseguimos dar estes primeiros passos de estarmos no nosso máximo potencial, ou porque temos medo, ou porque não conhecemos quem tenha feito, ou porque achamos que já nem vale a pena com esta idade. Porque é que eu me vou submeter a uma coisa totalmente diferente? E uma coisa que eu gosto sempre de reforçar é que pessoas, todos nós vamos morrer. Lamento, dizer desta forma, mas é uma coisa que nós nos esquecemos no nosso dia-a-dia. Por isso, todos os dias estamos sempre a tempo de fazermos o melhor, de nós e por nós. Por isso, se eu quero fazer uma mudança grande numa área da minha vida, hoje é o dia perfeito para o fazer.

  • Sofia Cansado

Exacto. Não é só no dia 1 de janeiro, não é.

  • Ana Lopes

Exactamente. Não esperar pelo dia 1 de janeiro, não é. Estamos sempre a tempo de melhorar e de estarmos no nosso máximo potencial e fazermos de forma diferente. O que é que precisamos, muitas das vezes? Compreender que é um passo que eu tenho deixar um bocadinho o antigo. Por isso, há coisas que eu faço e que tenho que deixar de fazer. E esta análise, muitas vezes de fora, ajuda-nos a pôr os nossos hábitos, a nossa rotina em perspetiva. Quero eu dizer - "Ok, Sofia. Então, olha, para chegares aí, se calhar, vais deixar de fazer isto. - "Ah, mas eu posso deixar de fazer isto?". É algo que eu quero fazer e muitas vezes temos de fazer as pazes com esta pessoa antiga, que existem nós, para mudarmos para o novo. E que passo é que eu posso dar de novo? O que é que eu posso fazer de novo? E é neste percurso um bocadinho que se centram as nossas sessões. São sessões de 30 minutos, por isso, é rápido. Totalmente focado em ferramentas, pôr em prática, resultados, o que é que vamos fazer a seguir. Ok, o nosso objetivo é que as pessoas realmente consigam ver um resultado na sua vida, mas deixo aqui, e reforço sempre, que em tudo aquilo que nós fazemos, nesta área ou que eu faço em particular, nada é feito por mim. Ou seja, eu posso dar as ferramentas todas, mas a pessoa tem que querer e tem de aplicar e tem de fazer. Eu posso dar todos os workshops, os webinars, as ferramentas, o coachings da vida, espetacular. Mas se não põem em prática, se não experimentam, se não dão o primeiro passo, se não quiserem muito, nada vai resultar. E depois não há como dizer - "Ah, pois. Mas isso não resultou". Claro que o coaching não resultou nada. Resulta, no seu potencial resulta. O que é que temos que estar? Tenho que estar preparada, tenho que querer muito. E, normalmente, quando acontece algo de importante, como estavas a dizer há pouco, uma crise, não é. É algo de importante que acontece na vida da pessoa, que me tira da zona de conforto, porque algo em mim já não aguenta alguma coisa. Normalmente, aí há um espacinho para não entrar e dizer "vamos experimentar uma coisa diferente, porque eu já quero muito sair do antigo".

 

  • Ana Lopes

Ok, então, para entrar neste processo e ter realmente o resultado final, há duas coisas que são essenciais: é eu ter consciência do que é que eu quero mudar. Sem esta consciência e isto é com base em ciência, na neuroplasticidade do nosso cérebro, sem a consciência de que eu quero mudar e não vou mudar nada. Por mais que tentem encontrar aqui formas de eu chegar a um sítio, se eu não quiser, eu não vou fazer. Isto acontece a partir dos 25 anos, quando o nosso cérebro já começa aqui a consolidar toda a informação. E o segundo passo é que, depois de eu querer, e depois de estar bastante consciente do que é que eu vou fazer de diferente, e que área de vida é que eu vou querer apostar, e o que é que eu tenho aqui a mudar, depois tenho que ser até compassivo comigo mesmo e dar tempo ao tempo para as coisas mudarem, para as coisas acontecerem. Não é por eu achar agora que quero fazer uma transição, ou que quero desenvolver o meu propósito, quero encontrar o meu propósito, que é outro tema que nós trabalhamos muito, que de um momento para o outro, do dia para a noite, eu já sei o que é que é. E está tudo bem, uma luz chegou até mim e na minha vida mudou completamente. Não. É um processo de construção e o tempo que nós levamos a chegar, ou o tempo que as coisas levam a acontecer, até mesmo ao nível da minha carreira, o tempo que as coisas levam a acontecer, é o tempo tanto meu, do meu próprio corpo a habituar-se a um novo eu, como também do meu ambiente a habituar-se que isso aconteça. Por isso, é uma conjugação de vários fatores, que na verdade têm que me permitir manter a disciplina, manter a consistência, a saber para onde eu quero ir, a continuar com este mindset todos os dias acordo e eu quero estar realmente bem na minha vida enquanto um todo. Mas são escolhas e decisões que eu vou tomando ao longo do meu dia e que tem que ser consistente, porque o resultado vai chegar. Mas não é o resultado que é importante. É o caminho, é o percurso e nesse percurso eu vou encontrando a felicidade, eu vou encontrando a realização, eu vou encontrando novas pessoas e vou encontrando uma nova forma de ser e isso no final é o que vai contar. Não é onde é que eu cheguei.

  • Sofia Cansado

E, na verdade, estas sessões terminam, mas não termina o trabalho que faço diariamente.

  • Ana Lopes

Exatamente. Por isso, é que eu estou a dizer, é nós damos as bases, nós ajudamos na construção dessas bases e das ferramentas que eu quero aplicar. Mas depois é uma construção e eu continuo a aplicar ao longo da minha vida. E eu costumo dizer que eu em tudo aquilo que transmito, por isso, tanto nos meus Workshops, como no Work Life Coaching, como no Career Counselling , na transição de carreira, tudo aquilo que eu proponho às pessoas, é algo que eu já experimentei na minha vida. Porque se eu nunca experimentei, se eu não o faço, com que lata é que eu vou dizer a alguém que resulta, e para fazer e para argumentar. Então, eu sinto que a minha própria vida é uma experiência, estou sempre em experiências para ver o que é que resulta e não resulta. E é isso que eu proponho também às próprias pessoas é experimentem. Porque se calhar até pode resultar muito bem para mim, mas não resultar para a pessoa e há alguma coisa. Só que temos que ajustar e quando começamos a analisar a nossa própria vida, percebemos o que é que temos de ajustar. Agora há uma base de nós, enquanto seres humanos, nós nesta máquina perfeita, que essa base é igual para todos e muitas vezes são lições e são rotinas que nós nem temos noção, porque nunca ninguém nos ensinou isso. Nunca ninguém nos ensinou a percebermos que temos de testar o nosso melhor, que nós somos feitos das nossas rotinas. Por isso, há hábitos essenciais, como por exemplo, acordar e beber água. Porque o nosso corpo desidratou durante a noite, isto vai influenciar o meu humor, isto vai influenciar aquilo que eu penso, vai influenciar como estou no meu trabalho e na minha vida. Estás a ver? Por isso, aqui pequenas coisinhas que nós acrescentamos ao nosso dia-a-dia, vamos construindo uma versão polida daquilo que somos e de quem queremos ser. Por isso, entrando aqui no pormenor do Work Life Coaching e respondendo à tua pergunta, em específico, como é que são estas sessões. Estas sessões são super dinâmicas. Não se consegue dar uma estrutura base. A estrutura base é sempre analisarmos, um assessment, perceber onde é que a pessoa está e depois de todas as ferramentas que nós temos, de que forma é que conseguimos ajudar quem temos à nossa frente a adequar os seus comportamentos, os seus pensamentos, as suas suas crenças, àquilo que quer atingir. Por isso, é sempre uma orientação muito personalizada, muito individual. Não há uma fórmula mágica que dê para todos e, por isso, vamos sempre fazendo a receita à medida de quem nos aparece à frente.

  • Sofia Cansado

Então eu acho que só falta, porque isto é tão completo e tão... É quase uma introspectiva para a pessoa que entra nestas sessões. Mesmo assim, há céticos em tudo. Não é? Portanto, o que é que tu podes contribuir para quem está mais cético em relação ao Work Life Coaching? Pode haver aqui a dúvida de Work Life Coaching não vai assim contribuir tanto para a minha vida. Estou com dúvidas. Se calhar não é bem isso. Se calhar não estou preparado. Qual é que é o seu conselho para quem está nesta posição?

  • Ana Lopes

Olha, eu sou muito sincera que é como para a mudança é preciso querer. Enquanto as pessoas estão na fase de não querer, realmente eu aconselho a não investir em nada, não fazer. Porque senão só vão comprovar aquilo que é uma crença inicial. Se eu acho que isto não vale nada, quero, invisto naquilo e depois não vale realmente nada, porque não aconteceu nada na minha vida. A Ana não fez diferença nenhuma. Porque, como eu estava a dizer, não sou eu que faço a diferença. Cada um de nós que faz a diferença nas suas vidas, eu só estou a reforçar a minha crença inicial. Por isso, aquilo que eu acredito muito é que todos nós, dentro de nós, temos este querer evoluir e querer fazer melhor e querer estar melhor. A forma como eu faço, ou as pessoas que eu encontro, ou as ferramentas que chegam até mim, vão sendo sempre aquelas que nos chamam ou não. Isto não é adequado para toda a gente, porque nem toda a gente vai sentir que quer fazer isto. Se calhar, bastou ver-me um vídeo no YouTube, com outra pessoa qualquer a falar, e isto já mudou o meu mindset e já mudou a minha vida. Por isso, mesmo a forma de nós trazermos aqui várias ferramentas, vários produtos, várias formas de olhar para vários temas. É mesmo nesta tentativa de, com toda a bagagem que nós temos, nós ajudarmos da melhor forma vários tipos diferentes de pessoas, com várias preferências. Cada um de nós também tem a sua preferência, não é. Eu até posso preferir estar a fazer coisas em grupo, ou estar a fazer workshops e eu posso preferir uma coisa somente individual, fica a minha vida logo desde o início. Então, eu saber aquilo que eu prefiro e eu saber em que fase da vida estou. Mas no core, no fundo, eu deixo sempre esta dica que todos nós queremos ser mais e melhores. Aquela crença que nós dizemos de "Não, eu já estou bem aqui, tenho a minha vidinha. O trabalho das 9 às 18h. Não preciso de evoluir. Estou bem com isto. A minha família está tudo bem, não preciso nada de diferente." Isto são histórias que nós contamos a nós mesmos, na nossa cabeça, porque no final todos nós queremos sentir realizados. E realização tem a ver com tu levantaste-te de manhã e sentiste que tens um futuro à tua frente, algo que tu queres atingir, algo que tu queres lá chegar e possivelmente nunca vais conseguir lá chegar realmente. Mas este processo, os passos que vais dando para lá chegar, por si só, já são a maior realização que podes ter na vida. Por isso, este futuro, esta esperança que nós temos de que no futuro nós sejamos a nossa melhor versão, ainda melhor no dia de hoje, é realmente o grande motor do ser humano. Está no nosso core, no nosso ADN. Muita gente perde este brilho porque contenta-se com o mínimo. Contentar-se com o mínimo, para mim, é a grande doença. Por isso, não vou convencer ninguém a fazer o Work Life Coaching. Mas espero convencer a darem um primeiro passo, no sentido de sair do estagnado, sair do mediano, que é mesmo isto estar na média, não é. Aquilo que não é frio, nem quente. Experimentem o frio e quente.

  • Sofia Cansado

Certo. Procurem desconforto, não é.

  • Ana Lopes

Exatamente. No leito da morte, o que as pessoas mais se arrependem é de não ter experimentado, não ter feito. Não é de ter feito alguma coisa, é não ter feito. Por isso, por que é que nos colocamos tanto de "Ai, não. Não vou fazer isto, porque o que é que aquela pessoa vai achar, o que é que ele vai dizer. Que resultado é que isto vai dar? Que consequências é que isto vai ter?". E, de repente, vivemos numa fantasia dentro da nossa cabeça de ses, ses, ses e nunca experimentamos nada. Nunca fazemos nada. Por isso, se eu tenho recursos à minha volta, se eu tenho como fazer, se eu tenho como investir, se eu tenho como ter acesso. E isto também temos acesso a tanta informação grátis e ainda assim existem pessoas que não procuram, que não veem. É mesmo importante que a pessoa pense: "Não. É o momento. Eu tenho isto" e normalmente vem uma coisinha à cabeça, que é logo a primeira, não é, que está associada a estas áreas da vida de "Não, eu realmente com o meu corpo, eu não sei como é que ele funciona". Ou "Não, realmente na minha carreira, não sei como é que a fiz". Ou "Quem é que sou eu? O que é que eu estou aqui a fazer? O que é que eu quero fazer? Ou que competências é que eu preciso desenvolver para estar ainda melhor ou para conseguir atingir um resultado mais à frente que eu tento, tento e não consigo? Porque é que eu não estou a conseguir? Pronto, e é esta a nossa grande base e a nossa, a minha grande paixão, estou a falar em meu nome. De conseguir trazer estas ferramentas, estas experiências, estas novas visões, para melhorarmos o nosso próprio. Porque quando nós nos melhoramos a nós próprios, começamos a influenciar o nosso meio e só assim é que há grandes mudanças na nossa sociedade, na nossa família, no nosso grupo de amigos. Tem sempre que começar por nós. Nós somos o dominó também neste conjunto de pessoas que está a nossa volta.

  • Sofia Cansado

Eu acho que só em jeito de resumo, há aqui 3 mensagens. É preciso ter predisposição, para entrar em sessões de Work Life Coaching, porque senão também acabamos por vir um bocadinho byest. Portanto, ir de mente aberta. Não é preciso chegar ao momento da crise, para haver uma mudança.

  • Ana Lopes

Nada disso.

  • Sofia Cansado

E a verdade é que vamos todos morrer, como tu disseste e, portanto, há sempre espaço para uma mudança.

  • Ana Lopes

É isso mesmo. É isso mesmo. E queria só deixar aqui também, em jeito de reforço daquilo que estávamos a falar, que todos nós temos algo na nossa vida que gostávamos de ver mudado. Só que também nos contentámos a certa altura de que é assim. Não é assim, não tem que ser assim, não é. E como não tem que ser assim, o Work Life Coaching é mesmo um olhar para a pessoa, enquanto pessoa. E claro que é Work Life, não é, porque nós estamos aqui numa área também de apoio à carreira, mas é aquilo que nós dissemos que é se eu trabalho a minha identidade e se eu trabalho a pessoa que eu sou, automaticamente vou trabalhar aquilo que eu faço no mundo. E aquilo que eu faço no mundo tem implicação na forma como eu sou valorizada pelo mundo, com aquilo que eu faço. Por isso, há aqui toda uma junção de coisas que, quando as pessoas muitas vezes vêm ter connosco, estão muito focadas nisto de dinheiro, ou da carreira, da progressão ou de trabalho. E é, por isso, que nós entramos um bocadinho mais além que é "Ok...".

  • Ana Lopes

Mas, por exemplo, nesta questão do dinheiro, que é um grande tema, eu sou recompensado pelo valor que eu tenho. Por isso, que valor é que eu estou a trazer? Que valor é que eu lhe estou a dar? E que valor é que eu estou a acrescentar também na empresa? E de que forma é que isto está a ser reconhecido ou não? Por isso, há tanta coisa para trabalharmos e não só o resultado. A própria equação, as variáveis da equação é realmente aquilo que nós temos de analisar na nossa vida. O resultado acontece se as equações estiverem realmente bem completas, com as variáveis certas, o resultado acontece. Por isso, se eu tenho a minha equação com as variáveis da carreira bem composta, a carreira, a progressão da carreira vai acontecer. A transição vai acontecer, se as variáveis na parte de reconhecimento e da recompensa, se as variáveis estiverem corretas, vai acontecer o resultado, vai lá estar. Por isso, o foco, o nosso foco não deve ser no resultado, naquilo que nós queremos mudar, mas sim naquilo que nós fazemos todos os dias, da forma como nos colocamos no mundo, que nos está a levar aquele resultado. O que é que nós temos de mudar, para o resultado também mudar. O foco é nas variáveis, não nos resultados.

  • Sofia Cansado

Muito bem. Ana, só para terminar. Como é que eu posso inscrever-me? Posso candidatar-me? Posso entrar nas sessões do Work Life Coaching?

  • Ana Lopes

Podem ir ao nosso site www.randstad.pt/risesmart. Aí vão encontrar todas as informações dos vários produtos que nós temos. Podem-nos também seguir nas nossas redes. No LinkedIn, nós temos estado a falar muito sobre este tipo de temas. Temos vindo aqui a lançar vários webinars, várias coisas sobre este tipo de temas. Vamos lançar também, não tarde, ou não sei se já lançámos, vou confessar neste momento. Mas estamos a lançar muito também direcionado para o Work Life Coaching em comunicação. Por isso, se nos seguirem nas redes, automaticamente, vão ter contacto com isto e em todas elas podem-nos contactar. E depois se quiserem um recurso direto, podem-nos também procurar no LinkedIn e falar connosco diretamente e nós explicamos tudo aquilo que nos pedirem para explicar. Por isso, qualquer uma das vias, seja a via mais holística, mais global de site e redes, ou mais pessoal de procurarem no LinkedIn e virem falar connosco directamente, totalmente disponíveis para ajudar, que é exatamente essa a nossa missão.

  • Sofia Cansado

Muito bem. Ana, obrigado. Foi super esclarecedora. Acho que ficávamos mais 1h a falar sobre isto.

  • Ana Lopes

Ai, isso de certeza. Já sabes, isso de certeza.

  • Sofia Cansado

Obrigada.

  • Sofia Cansado

Obrigada, eu.

  • Sofia Cansado

Obrigada também a quem nos ouve. Já sabem, aliás a Ana já disse para nos seguirem nas redes sociais. Portanto, já está aqui dado o recado e sabem que voltamos daqui a 15 dias com mais um episódio. Portanto, fiquem atentos. Obrigada!

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