O passado foi palco de várias revoluções industriais que vieram alterar o quotidiano das pessoas e a forma como estas trabalham. As máquinas ganharam protagonismo nestes momentos chave e o nosso século não é excepção. Depois do fenómeno internet, a digitalização, apelidada por muitos como a 4ª revolução industrial voltou a transformar a humanidade. Começou pelas nossas casas e agora entra sem pedir licença no mundo do trabalho, na forma de trabalhar e no emprego.
Acabaram-se as previsões a 10 anos, a 5 e apenas os mais ambiciosos olham para além dos 2 anos, porque o risco de transformação é demasiado grande. Mas de uma coisa temos a certeza, alguns empregos serão desnecessários e desaparecerão, porque as máquinas vão conseguir executar essas tarefas e por outro lado vão surgir novos trabalhos, que até então não existiam, e que se tornarão empregos comuns, sempre ligados a esta renovação tecnológica. Os que mais se anunciam são operadores de drones e data scientists, mas vale a pena recordar que muitos dos atuais data analists quando estavam na escola ainda não existiam pessoas a executar esta função. O futuro vai ser assim, na verdade sempre foi, mas vai ser de forma acelerada e provavelmente a transformação das profissões não vai ser residual, será mesmo exponencial.
Torna-se por isso necessário que haja um novo realinhamento das competências críticas para que todas as pessoas possam continuar a contribuir, em conjunto com as máquinas, para o melhor rendimento e produtividade possível nas empresas que compõem o mundo do trabalho. Queremos todos alcançar a melhor sinergia entre as duas partes envolventes para que haja um equilíbrio tech and touch, onde máquinas permitem conhecer o melhor das pessoas e onde ambos trabalham lado a lado com o mesmo objetivo.
Com o intuito de analisar esta nova tendência, o World Economic Forum (WEF) elaborou um relatório denominado “The Future of Jobs”* onde perguntou a diretores de recursos humanos e a líderes de empresas globais qual o top 10 das competências que se prevêem mais determinantes nos trabalhadores para 2020. E o resultado listou as seguintes competências: resolução de problemas complexos, pensamento crítico, criatividade, gestão de pessoas, trabalho em equipa, inteligência emocional, tomada de decisão, orientação para o cliente, negociação e flexibilidade cognitiva.
“People 4.0” foi o tema da XIV conferência da Human Resources Portugal, que teve lugar no Museu do Oriente, no passado dia 21 de novembro. Um evento que reúne muitos especialistas na gestão de pessoas, aos quais pedimos para avaliar de 1 a 10 as competências elencadas pelo WEF de acordo com o que consideram ser as mais importantes no futuro.
É interessante verificar que o top 3 do WEF não é igual aos resultados que obtivemos. A resolução de problemas complexos é até de certa forma desvalorizado para o oitavo lugar em detrimento da inteligência emocional que de sexto passa para primeiro. Será que esta alteração se deve ao que hoje os líderes de pessoas vivem nas organizações? Talvez isso explique o foco também no trabalho de equipa, que de 5º lugar passa para segundo.
Se no topo da tabela são muitas as alterações, as diferenças são menores nos últimos lugares. Negociação, tomada de decisão e flexibilidade cognitiva estão nas quatro últimas posições.
Não existe uma ordenação correta destas competências e provavelmente existem outras não elencadas pelo WEF que também mereceriam estar num lugar de destaque. O importante nesta reflexão é de que forma vamos identificar as que são críticas para cada função/tarefa necessária a realizar e como vamos dotar as nossas pessoas destas competências. Este é um desafio das empresas na sua estratégia de retenção de pessoas mas também na identificação do melhor talento.