Os recursos humanos sofreram inúmeras alterações ao longo dos anos. Se, até à data, o sector era forte em trabalho administrativo, que ocupava uma parte importante do tempo aos colaboradores do sector, a inovação tecnológica trouxe inúmeras vantagens para a área.
Hoje em dia, é possível substituir o trabalho manual e rotineiro por processos automatizados, que tornam os profissionais mais eficientes e minimizam os erros, o que permite ganhos de tempo para monitorizar outras tarefas e implementar novas soluções. Se até então, uma tarefa demorava horas ou dias, hoje, através da tecnologia, é possível fazê-la em minutos. Para as empresas, a evolução nesta área apresenta benefícios em termos de gestão de tempo e inovação, o que se reflete em ganhos financeiros.
No que diz respeito ao recrutamento e seleção, mais concretamente, a exigência do mercado leva-nos a ser mais criteriosos na procura do melhor candidato, e a tecnologia veio ajudar-nos, quer na procura, quer na seleção dos melhores talentos.
Se até então as entrevistas eram feitas, na sua maioria, de forma presencial, hoje em dia, a realização de entrevistas online de forma generalizada traduz-se em redução de custos para o candidato, pois já não há necessidades de deslocações, o que na situação de pós-pandemia que atravessamos, ganhou ainda maior relevo.
Para além desta alteração mais recente, as novas ferramentas de recrutamento e seleção permitem, por exemplo, a realização de entrevistas sem a presença do recrutador. O candidato tem a possibilidade de gravar um pitch, assim como responder a perguntas pré concebidas pelo responsável do processo de recrutamento, o que permite ao entrevistador avaliar algumas competências que o cliente procura, antes mesmo de conhecer o candidato. Por outro lado, as ferramentas assentes em inteligência artificial permitem avaliar o perfil do candidato, com menor margem de erro. A tecnologia contribui assim para automatizar o processo de selecção, nomeadamente na fase de triagem de currículos.
Para o consultor de recrutamento, a triagem de currículos é um processo moroso e que poderá gerar enviesamentos inconscientes. As tarefas rotineiras e a exigência de um processo de triagem curricular originam cansaço e tomadas de decisão rápidas, que podem enviesar resultados na selecção de candidatos. O apoio da inteligência artificial e da automatização na triagem de requisitos básicos essenciais para a função, por exemplo, diminui assim a margem de erro na selecção dos talentos numa fase inicial do processo de recrutamento, o que é uma vantagem quer para o candidato, quer para o recrutador.
A automatização do processo de recrutamento permite ainda substituir o consultor derecrutamento, quando é necessário informar o candidato do estado da sua candidatura ouresponder a questões iniciais do candidato, cujas respostas poderão auxiliá-lo na tomada de decisão em relação à candidatura, clarificando alguns aspetos da oferta de emprego.
Estes avanços representam uma mais-valia para o consultor de recrutamento e para o candidato, que poderão assim estabelecer uma verdadeira relação de parceria, uma vez que o consultor disporá de mais tempo para acompanhar e orientar o candidato na prossecução da sua carreira. O aspeto humano da relação consultor-candidato sai reforçado, o que valoriza ainda mais a função do consultor e permite ao candidato usufruir de uma experiência superior numa fase tão importante da sua vida profissional.
Face às constantes mudanças do mundo atual, sabemos que estamos perante um novo paradigma numa era cada vez mais volátil. Este facto reforça a importância das empresas apostarem no upskilling dos seus talentos, o que não deixa de fora os talentos que desenvolvem a sua atividade na área de Recursos Humanos. Nesta linha, é imprescindível que os consultores de recrutamento desenvolvam novas competências, focadas na relação e na excelência no serviço prestado aos seus candidatos, em total parceria com os “robots” e automatismos, a quem caberá cada vez mais a execução de tarefas de menor valor.