Um dos piores medos que podemos ter é o medo de fracassar. A sensação de não sermos o suficiente bons numa determinada tarefa. Viver é experimentar incertezas, riscos e exposição emocional. Mas estas sensações não têm de ser necessariamente experienciadas como negativas. A dificuldade está em lidar com aquilo que nos parece uma fraqueza. Existe até uma ideia preestabelecida de que mostrar a nossa vulnerabilidade é mostra o nosso lado mais fraco.
Ser vulnerável numa visão mais tradicional talvez seja isso: a fraqueza, o medo. Mas existe outra definição. Outra perspectiva. Ser vulnerável é aceitar e compreender que ninguém é perfeito. A vulnerabilidade permite-nos ser verdadeiros e conhecer aquilo que temos de melhor, mas sobretudo partilhar os pedaços da nossa imperfeição. É a exposição e partilha com o outro deste lado menos perfeito, o que torna a vulnerabilidade numa arma de autoconhecimento e empatia com os outros.
Não é simples. É necessária coragem para aceitar as fraquezas e ganhar consciência das imperfeições. É colocarmo-nos no centro da nossa vida e olhar em redor. Perceber que somos os atores principais e em cada um de nós está mudança que gostávamos de ser, com todas a vitórias e deceções; com todos os sonhos e desilusões. Ter uma causa e de forma digna lutar por ela. No final, podemos ter o orgulho da conquista, e no pior dos casos, o orgulho de falhar a tentar.
No nosso local de trabalho ser vulnerável significa o mesmo. Neste contexto é igualmente importante aceitar aquilo em que não somos bons e partilhar com os nossos colegas de equipa. Tantas vezes o medo de fracassar ou a falta de confiança impedem que o sucesso apareça. A isto podemos chamar a negação da vulnerabilidade que é produzida pelos colaboradores, mas também pela cultura organizacional de uma empresa. Nestes casos podemos afirma que não se trabalha dentro do potencial máximo de cada colaborador.
Se não temos espaço para cometer erros, então não há espaço de evolução e progressão pessoal e profissional. Sentimo-nos permanentemente culpados e menos realizados. E a partir daí não produzimos no nosso potencial máximo por não existir motivação.
O ideal será trabalhar a vulnerabilidade dos colaboradores. O objectivo é criar um ambiente de liberdade e segurança, onde o erro é permitido e não punido. A criatividade surge e os indicies de felicidade no trabalho saldam-se positivos. O potencial, a produtividade e outros índices também são potenciados.
No entanto, reconheço que não é fácil fazer isso. A forma mais simples será pelo autoconhecimento. O constante desenvolvimento pessoal e profissional, para o qual, muitas vezes, precisamos de orientação. Um bom líder torna-se ainda mais pertinente. Um líder vulnerável, que não tenha receio de ser percepcionado com um líder “fraco” devido à exposição ou percepção de que não foi ou é capaz de fazer algo. Mais uma vez o autoconhecimento e a capacidade de se expor e aceitar os outros com os seus defeitos. Aceitar a vulnerabilidade do colega e abraçar as suas incertezas.
De forma assertiva e sem isentar responsabilidades, a vulnerabilidade é capaz de estabilizar equipas e potenciar resultados. Aumentar a confiança entre colegas e promover o trabalho e a colaboração da equipa através de uma comunicação mais fluída e honesta.