• Estima-se que 18% do trabalho poderia ser automatizado pela IA a nível mundial, principalmente nas economias desenvolvidas, impacto que poderia conduzir a um aumento da produtividade e, consequentemente, do PIB mundial anual em 7%;
  • Em Portugal estima-se que a IA possa levar à perda de 80,3 mil empregos, que se traduzem na automatização de 481 mil empregos e na criação de 400 mil empregos. 
  • As estimativas colocam no topo dos empregos atuais que poderiam estar em risco os setores das atividades administrativas e das atividades informáticas e telecomunicações;
  • Os setores em que se espera o maior efeito do referido processo de criação de emprego serão as atividades informáticas e telecomunicações e as atividades de consultoria, científicas e técnicas. 

 

 A Randstad apresenta o seu mais recente estudo da Randstad Research: “A IA e o mercado de trabalho português”. A análise foi dividida em três blocos: uma revisão de literatura, que recorre a resultados publicados por instituições como o World Economic Forum, a OCDE, a Goldman Sachs e a Comissão Europeia; a perspetiva quantitativa, para o mercado de trabalho português, com a identificação dos efeitos da IA na criação e destruição de emprego e a perspetiva qualitativa, conseguida através de dois inquéritos. O objetivo deste terceiro bloco foi compreender a perceção atual, bem como expetativas das empresas e profissionais portugueses, relativamente à influência da IA nos seus setores de atividade. 

 

“Num curto espaço de tempo, a inteligência artificial está a transformar a forma como trabalhamos em vários setores. Em simultâneo, faz-nos colocar muitas questões éticas e económicas em cima da mesa, nomeadamente o grande potencial de ganhos de eficiência, o facto de algumas empresas e trabalhadores poderem beneficiar desta nova tecnologia, mas também a possibilidade de outros perderem os seus empregos com a automatização de tarefas”, comenta Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad.

 

Investimento em IA foi 18 vezes maior em 2022 face a 2013

Uma das primeiras conclusões deste relatório é a de que a Inteligência Artificial continua a atrair volumes significativos de investimento privado. De acordo com os dados do Índice de IA da Universidade de Stanford, o investimento privado global em IA diminuiu pela primeira vez numa década em 26,7% em 2021, mas ainda assim, em 2022 (91,9 mil milhões de dólares) foi 18 vezes superior ao de 2013. A análise refere que esta tecnologia veio para ficar e que pode transformar o mercado de trabalho, tendo em conta que a sua utilização irá acelerar a automatização de tarefas, o que poderá reduzir custos laborais e aumentar a produtividade. Contudo, o estudo aponta também para que outros fatores como a disponibilidade da força de trabalho ou a evolução da procura de profissionais, possam influenciar os efeitos finais da IA.

 

O impacto será localizado nas tarefas com maior utilização da linguagem

A análise indicou que se espera que o impacto desta tecnologia seja sobretudo nas tarefas com maior utilização da linguagem. Estima-se que 18% do trabalho poderia ser automatizado pela IA a nível mundial, principalmente nas economias desenvolvidas, impacto que poderia conduzir a um aumento da produtividade e, consequentemente, do PIB mundial anual em 7%. Espera-se que a IA leve à automatização de 481 mil empregos.

 

A análise constituiu vários grupos, de acordo com o grau de exposição à IA e concluiu que funções profissionais como IT, Finanças; Vendas; Operações; Recursos Humanos; Marketing; Jurídico e Cadeia de abastecimento são as que apresentam o mais alto grau de automatização e atualização, tendo, por isso, um maior grau de exposição. 

 

Ao mesmo tempo, a expansão da IA nas empresas deverá criar novas oportunidades económicas, novas profissões e empregos. A quantificação deste efeito para a próxima década em Portugal mostra a criação de 400 mil de novos postos de trabalho, que não existem atualmente, mas que surgirão em resultado dos efeitos positivos derivados da nova tecnologia. A estimativa do efeito líquido que a IA deixará no emprego do país será ligeiramente negativa, levando a uma perda potencial de cerca de 80,3 mil empregos nos próximos dez anos.

 

As previsões para a economia portuguesa colocam no topo dos empregos atuais que poderiam estar em risco os setores das atividades administrativas e das atividades informáticas e telecomunicações que poderiam ter potencialmente 18% e 17% dos seus processos automatizados. Por outro lado, os setores em que se espera o maior efeito, em termos percentuais, do referido processo de criação de emprego serão as atividades informáticas e telecomunicações (29% dos novos postos de trabalho) e as atividades de consultoria, científicas e técnicas (14%). Relativamente ao aumento de produtividade estimado, serão os setores das atividades financeiras e de seguros e das atividades informáticas e telecomunicações (36%), seguido das atividades de consultoria, científicas e técnicas (27%).

 

62% das empresas portuguesas já experimentaram IA, sobretudo para análise de dados; otimização de tarefas administrativas; automatização de processos e atendimento ao cliente

Por fim, a análise qualitativa, através de inquéritos a empresas (160) e a colaboradores (505), efetuada durante o período de janeiro a fevereiro de 2024, mostrou que a maioria das empresas inquiridas em Portugal já utilizam IA, e para uma grande variedade de funções.

 

Por outro lado, 37,3% das empresas inquiridas (na sua maioria grandes empresas com mais de 250 trabalhadores) ainda não incorporaram a IA em nenhuma das suas atividades. As principais razões desta situação prendem-se com o facto de a IA estar num estado de adaptação recente e, por conseguinte, apresenta ainda problemas, como a falta de precisão ou qualidade dos outputs, segundo as respostas. Além disto, os colaboradores não possuem as competências necessárias para a utilizar e as empresas não encontram aplicações que lhes permitam ser mais produtivos. Finalmente, a legislação relacionada com a AI encontra-se em desenvolvimento e há muitas incertezas relacionadas com a responsabilidade ou a proteção de dados.

 

“Um dos pontos críticos identificado nesta análise foi o facto de as empresas que introduziram a IA em alguns dos seus processos terem enfrentado desafios em termos de competências. Em 75,8% dos casos, a importância de ter competências tecnológicas especializadas entre os seus funcionários aumentou. E, em muitos casos, a importância de outras competências não tecnológicas, que podem complementar estas últimas, também aumentou”, comenta ainda Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal.

 

Em relação à utilização futura da IA, as expetativas das empresas são elevadas, uma vez que 72,2% das empresas acreditam que esta tecnologia irá impulsionar a atividade no seu sector e 82,9% esperam melhorias na sua própria produtividade. Este relatório refere ainda que quase uma quinta parte dos profissionais entrevistados afirma utilizar IA no seu trabalho diário e que cerca de 36,8% dos colaboradores inquiridos concordam que a IA aumentou sua produtividade. Por fim, ainda a destacar que enquanto apenas 13,7% dos inquiridos estão muito preocupados com a possibilidade de perderem o emprego dentro de 12 meses em resultado da adoção progressiva da IA, quando o horizonte temporal é alargado para cinco anos, o nível de preocupação aumenta para 24,8%. Se a análise for feita para um período de 10 anos 38,2% dos profissionais estão muito preocupados.

 

Para mais informações, consulte o site:  https://www.randstad.pt/randstad-research/workmonitor/